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A Igreja em Cabo Verde, uma das grandes instituições do país, tem adotado nos últimos tempos uma atitude destrutiva naquilo que se refere ao património cultural, e de limpeza de memórias. Esse posicionamento, verificado por exemplo, na igreja de Nossa Senhora da Luz, ilha de S. Vicente, igreja de Nossa Senhora do Livramento (Ponta do Sol - ilha de S. Antão), e nesse exato momento na igreja de Santo Amarro (Tarrafal - ilha de Santiago), é consequência direta de ausência de sensibilidade cultural e de uma ambição desmedida relacionada com o aumento dos fiéis.



O nosso património (cabo-verdiano), rico a escala das ilhas, infelizmente não tem conseguido se posicionar perante os desafios da modernidade devido a falta de políticas culturais, que passam necessariamente pelas escolas (pré-ensino, básico e secundário), pois, na universidade já pode ser tarde demais. Isto porque a aquisição (não obstante os ganhos técnicos e científicos) dos sentimentos de pertença, de memória(s) de espaços e de apropriação na idade adulta são de longe menos forte.
Penso que depois de resultados saídos das escolas – um processo longo, mas que tem de ser persistente - é que a sociedade, incluindo os fiéis, vai começar a pressionar a Igreja no sentido de esta reaver as suas ações patrimoniais. Por outro lado, cabe ao Estado, através da tutela – Ministério da Cultura – criar mecanismos de atenuação do “poder da Igreja”, com enfoque, numa primeira etapa, na identificação e inventariação do património cultural e depois na sua classificação, adotando sobre esse património uma legislação protetora.
Para que isso aconteça de forma mais célere é essencial “descentralizar a cultura” e aproveitar os técnicos, no sentido de realizarem essa importante tarefa, existentes em cada aldeia, em cada cidade, em cada ilha.
artigo de jovemtudo

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