Halloween party ideas 2015

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Entrou as pressas o ajudante velho da cidade que recolhia as pessoas ao redor da cidade e nos bairros periféricos, já durará naquela atividade, desde tempo do velho Álvaro, homem possuidor de méritos por ser o primeiro a ter duas viaturas que transportava as pessoas do interior da ilha, dava duas voltas para a cidade e, o ajudante velho desde novinho esteve com ele, quando as viaturas massificaram pela ilha e o país, ele também se mostrou hábil em não perder o emprego. A partir das cinco da madrugada ele esta de pé a recolher as pessoas que tinham que chegar a cidade capital antes das sete da manhã, para irem à capital do país trabalhar a setenta e cinco quilometro da nossa cidade, lá se concentrava a administração do estado e a maioria das oportunidades de se dar certo na vida, ali esta as universidades, trabalhos, facilidade em ter boas roupas, sapatos, comidas, diversão, acesso à cultura, e materialização de certos desejos por ter pessoas menos acanhadas, as mulheres já estão noutro nível de acessibilidade.
Pode se dizer que o mínimo para se sentir menos fracassado e um pouco feliz, a capital tinha conseguido durante a sua história algumas importantes vitórias, por outro lado tem contribuído para o afundamento das assimetrias entre as ilhas, tem decisões que se tomam na ilha de são vicente e tem de ser assinada e carimbada na ilha de santiago como se a confiança tem que se situar num só lugar numa determinada mão e numa cor partidária demarcada.
Na nossa cidade apesar de ser harmoniosa já a cada vez mais pessoas a deixar as suas casas e famílias para irem morar na capital ou irem trabalhar e morar na ilha da Boa Vista e a ilha do Sal, ultimamente vão mais a europa e américa, maioria são jovens,

muitos já foram a esse tal de curso medio e raramente voltavam, e os que voltam vem com a ideia de que serão os tais que nunca irão se dececionar e serão os redentores de alguma coisa, ou talvez introduzir algo que trouxeram da europa, se dececionei-me, como é que eles não iriam dececionar? A cidade anda a me indispor, as pessoas parecem tristes sorrindo, evidenciam as suas sonolências apesar de acordadas, mas, andando, parecem estar a falar durante muito tempo e quem deveria ouvir não ligou o aparelho que ativa o tímpano, porque o assuno da cidade é mesmo para os surdos, talvez já não é nem assunto.
Por estar diante da situação da cidade me predispôs a ir até a cidade capital para falar com o senhor presidente da republica sobre a situação atual. Mas, me vem à cabeça algumas inquietações. Será que estou certo sobre o que desejo? Estamos tão em paz por aqui, sem perturbações, sem infortúnios que acontecem em outros lugares e eu ando a me desejar mais, para as pessoas, só por estar a passar fome e outras necessidades, não significa que esta tudo bem. Será que tenho o direito de desejar algo a mais para a minha cidade?
Levanto-me de manha, sempre tem alguém para me dar um bom dia, do outro lado da minha vizinhança as crianças sorriam para mim, pedem explicação e me chamam de tio. Ainda que raro as tradições de as pessoas irem conversar na casa dos outros, dia sim na casa de uma e da outra, ainda acontece por aqui.  A viatura já dera umas quatro voltas a volta da praça buzinando e o dia clareando a favor das flores que abrem desavergonhadamente na praça com o veterano a regar desde madrugada, e o velho ajudante gritando as pessoas a longa distancia.
-Vais a praia? E outras vezes ele repete de outra forma.
-Tarrafal, assomada, órgão e praia, já estamos quase cheios. O veterano acompanhara o desenvolvimento e movimentações das viaturas na cidade, primeiro foi descarregado da camaradinha de senhor Álvaro a par de Chibode e depois foi trabalhar na autarquia municipal como regador da regador e ornamentista, a praça é decorado por ele e regada, provavelmente é o senhor que acorda antes da cidade a par do Chibode.
-Seu desocupado velho como a planta tarrafa, seu veterano sem sono. Mais uma vez meteu o Chibode com o veterano a partir da viatura que faz uma pausa. Veterano é magro, já encurvado de peles murchas e cabelos esbranquiçados, já habituara a falar com as plantas enquanto não amanhece e se fazer a presença de pessoas, todos os dias tem de ouvir o Chibode a meter com ele, caso contrario não se fizer sentir a voz dele é sinal que algum deles já foi chamado pela morte.
-Seu velho como a porta, funcionário da porta de carro sem progressão, seu velho, eu ainda é que vou lhe enterrar, seu descarregador de camaradinha, dizia e arrematava com rizos os dois. Um continuava a sua rega e o outro a sua volta aos bairros e a cidade procurando viajantes.
Normalmente o carro esta cheio de outros motoristas que estão na fila a espera das suas horas de darem voltas para encherem, por isso, sentam e dão a volta a cidade e ajudam os colegas a encher com mais facilidade, para quem quer ir até a cidade para procura de viagem a, fica-lhe a ideia de que o veículo esta cheia, aos poucos vai entrando pessoas e vai saindo um ou outro condutor que ocupava o lugar tomado por quem vai acabar de entrar.
Assim acontece até a hora de ida. Eu estou no fundo da viatura a observar a situação e o senário da cidade ao romper do sol, mas, também as pessoas que entram na viatura e saem. O ajudante põe a cabeça fora da janela e grita o condutor Jó-ámanaú, homem já na casa dos seus cinquentas anos e sempre vivera da profissão de condutor, depois de instruir-se a guiar com o senhor Álvaro, ganhou o nome na brincadeira, entre os seus colegas por estar sempre em negação e contradição.
-há mais de trinta anos que estou nisso, Chibode, não me grites desta forma, retorquiu o jó-amanau.
-Olha um grupo de turistas portugueses la ao fundo da avenida que acabaram de sair da pensão Tarrafal Residence que fica situado no penúltimo prédio de cor creme e desenho de monte graciosa que fica por traz. Graciosa é a montanha mais alta da cidade e serve para impedir que as pessoas vejam o outro lado do atlântico, e em contramão fecha a visão de quem esta de outro lado que quer ver a cidade, do alto pode se observar toda a imensidão de terra que preencho o burgo, de cima da graciosa se vê a Ex prisão no meio como se fosse um grão de milho no meio da palma das mãos e os dedos juntas fecham o seu cerco para ninguém fugir.
-Achas que eles vão para a capital? Acho que não, não vamos perder tempo, disse o jó-amanau.
–Vão sim.
Insistiu o Chibode que já é bastante experiente naquelas coisas de se sentir quem vai à cidade e dos que ficam.
-Vão sim! não é porque eles estão de shorts e calções é que não vão para a cidade capital, vamos até eles, insistiu até que o jó-amanau deu marcha atras e chegou nos portugueses. O homem de cabelo negro e altura mediana acompanhado da sua namorada e um adolescente, atras deles uma mulher loira, já bem bronzeada devido ao sol, abraçada pelo marido ou namorado, sente-se pela intimidade do abraço.
- Meus amigos, vão para a praia? Chibode gesticulou com a cabeça, de que sim acrescentou com algumas palavras.
-Sim vamos, ti txiga praia propi, entrem. Acrescentou entre o português e crioulo.
A mulher bronzeada sorrio escondida da mistura linguística do senhor. Chibode lhe acertou com um olhar simpático e se concentrou a guardar as bolças deles na parte posterior da viatura, até aquele momento só faltava dois lugares para ser preenchida. Entraram um, atras do outro e três deles se sentaram juntos, um a frente e ficou a menina bronzeada sem lugar ao lado deles e os acentos no fundo da viatura muitas pessoas não gostam, fiz-lha um sinal de que tem um lugar disponível no fundo, puseram a observar um ao outro, o rapaz levou mão a cara e lhe ordenou que sentasse no lugar dele e que ele iria sentar ao meu lado.
-Deixe estar, fica aí que vou sentar no fundo, respondeu concluindo a conversa a moça. O homem me encarou la no fundo e eu lhe encarrei com um sinal de bom dia e ele com a mão. Duas pessoas se ergueram e ela passou com algum cuidado para não tocar em ninguém, enquanto forçava a passagem para ir sentar.
-Desculpas, desculpas, deixem me passar por favor, por favor, dizia com cuidado e gentileza.  Tem peles fina e se recusa a fazer depilação na perna e cabelos finos que deitam desperta alguma atenção das pessoas para a sua perna musculada. Esta de cabelo amarada e resto largado a frente cortada a preencher uma parte da testa que se cobre de loiro. O seu traseiro desenha no calção apertada e por cima tinha um a minissaia e não se importava nada de ficar à vontade com a abertura das pernas e o seio redondo aberto uma da outra que parecia uma obra feita, pura e ainda impalpável.
Finalmente se sentou, deu um folgo relaxante e me encarrou nos olhos, essencialmente nas minhas olheiras e meus dredloks já um pouco compridas.
- Fumas?
Me perguntou de voz baixa. disse não com a cabeça, me esqueci de esclarecer de que ter dreadloks não tinha que ser exatamente um fumante de ou algo que valha no pensamento dela, não disse e mais nada, ela pôs a cara para a frente. Mais uma vez passamos a frente da Câmara Municipal, e a praça a frente depois de mais uma volta estávamos a frente da igreja e no outro lado se caso contornássemos à direita estaríamos na estrada em direção a cidade de Santa Cruz. A primeira via que as pessoas usavam para ir até a cidade da Praia para comprar os mantimentos e regressavam quase uma semana depois, o caminho era sinuoso e a viagem era a pé, cavalo ou burro, os mais abastados tinham cavalo e os menos se recorriam ao burro que era bastante disponível nas achadas e se reproduziam aos montes depois da época de fome reapareceram, em tempos foram abatidos por pessoas em grande número para alimentar aqueles que residiam fora da urbe e nas zonas de difícil chegada, gatos, cabras bravas, osgas, lagartixas passaram de bichos a alimento de salvação. 
Falta um lugar para ser preenchido e jó-amanau insiste em partir sem conseguir a ultima pessoa e o Chibode a encoraja-lo de que apareceria, basta não perder a fé. Virou a viatura em direção a avenida de chão bom e levou mão a cara e de minutos em minutos afaga pequeníssimas barbas grisalhas na bochecha e na papada, vê o espelho e controla a parte traseira da viatura e não vê ninguém, resolve partir e Chibode tem que descer para ir encher uma outra viatura.
O carro da um ressono forte e parte em direção a cidade da praia, enquanto o estrondo do motor se alivia entre o barrulho da conversa na língua crioula e português alguém grita a uns metros da nossa partida.
- Jó-amanau, pára, pára, que o africano vai à praia.
Ele parou o carro e deu marcha atras e o africano entra no carro e o Chibode olhou para o retrovisor com olhar de poucos amigos, como se estivesses avisando o condutor de que é necessário ter fé e não levar tudo pelo seu próprio nome. 
Partimos de janelas fechados com vidros quase escuros, alguns em silencio e o africano a analisar o interior do carro, e fixou os olhos nos portugueses e no vendedor ambulante senegalês que compra na capital e revende em todo interior da cidade, ele estava sentado ao lado dos portugueses, esticou mais ainda o olhar e me encarrou ao lado da portuguesa, noutro lado perto da janela, uma senhora que ia fazer consultas no hospital Agostinho Neto e tinha de chegar mesmo as oito horas, e depois ignorou as restantes, já partimos a três minutos e estamos quase a chegar a primeira quebra mola e os portugueses se espantaram ao ver do outro lado da estrada uma imensa construção e, pela reação parecia terem conhecimento e algum sentimento para com o espaço, e não tinham a certeza de que se tratava a existência naquele local, a menina me bateu suavemente. 
-Aquilo é o quê?
-Ex-campo campo de concentração. Respondi calmamente, sem encarar a menina que me tocou com a mão esquerda e exalando um certo cheiro agradável de estique recém passada nas axilas limpas de cabelos. 
-Serio mesmo, posa, caralho pá, oh, Miguel nós não visitamos a prisão, é o Ex campo de concentração mandado a construir pelo Salasar!
-Como é que tens tanta certeza de que é aqui? Respondeu o Miguel com uma pergunta provocatória, me pareceu ser isso.
-O rapaz é que me disse, aqui é o Tarrafal, esqueceste? Ele me observou e voltou a cara.
- O que achas? Perguntei
-Uma monstruosidade, uma grande monstruosidade para com todos aqueles que sofreram abusos do regime de estado novo. Ele falava calmo e com segurança. A menina me catucou e aconselhou calmante e em voz baixa.
-Ele é doutor e as vezes poeta e dá aulas na universidade, tem suas maluquices. Me confidencio a rapariga bronzeada lábios com carne morta em ambas as dimensões. A menina já começava a ter uma certa proximidade comigo, podia se concluir que é uma pessoa fácil de se relacionar, primeiro me tocou, depois pronunciou sem tanto pestanejar ou ter alguma limitação.
-São uns filhos da puta esses portugueses. Explodiu o africano que se mostrara nitidamente tocado com o assunto em questão.
-São uns desgraçados e atrasados. Repetiu o africano 
O Miguel espantou pelo tom da voz, e os restantes colegas e pessoas no interior da viatura espantou com a ação do homem, não pelo conteúdo já que nós na cidade sabíamos do desprezo que tem pelas pessoas que não se alinham nos seus discursos e ideias africanas e africanistas, naquele momento os tugas serviam para as suas delações.
Há mais de vinte anos que é revoltado por a mãe lhe ter deixado com os avôs e se dedicar à igreja e aos miseráveis da cidade.  Não lhe faltara nada, levando em conta que os avôs são reformados de Portugal e ele é o único homem em casa depois da morte do pai dele, quando ainda estava na gestação.
A viatura já saiu de quebra mola e ainda estão espantados a observar a dimensão do espaço que se concorria com a velocidade da viatura e aos poucos ficava para traz, e uma certa imagem de terror pairava nos portugueses, penso eu. Sentir o que os outros sentiram, é necessário estar num estado de elevada empatia para partilhar o sentimento dos outros e papeis inversos para se sentir contextos sentidos. 
Depois da fala do africano mantemos em silencio. Os portugueses não pareceram chocados com as terminologias pouco elogiosas do africano, mas queriam entender, não procuravam entender o contexto que levara o africano a expressar a sua revolta, mas o contexto que habito por dentro dele. A menina se segurou a barriga da mão no banco a frente semelhante a mim e com a cara para o chão.
-Ele é sempre assim?
- Eu não sei, minha senhora, eu não sei. Me reservei de não estar a pensar que estou certo sobre as pessoas. Ele ainda permaneceu com a cabeça abaixada e tocou o meu cabelo e perguntei.
-Tu és sempre assim?
- O quê, eu?
- Há outra pessoa aqui comigo a falar?
- Ahn, ok, primeiro eu não sou senhora, sou uma menina de trinta e gostei dos teus cabelos sim, tocar não mata.
-Ola, eu sou um homem de quarenta, já curtiste bastante?
Depois de responder, ela me observou nos olhos e sorrio com uma parte da boca, e prestei atenção nos lábios terrivelmente atraentes e pintados a roxo em plena manha. Perecia que outono morava na sua boca e se pusesse os meus lábios ali serviam como um casaco louco que desabriga pétalas roxas antes mortas que pinta aqueles beiços atiçadoras de bons vícios quando os beijos só servem para parar o fogo. Porém guardei esses pensamentos para mim e ficamos a ver um para o outro de cabeça abaixado, eu estou um pouco assutado com a abertura e a leveza da mulher dos trinta e não me sai palavras alguma, não me sai nem vontade de sair diante dos seus olhos e ela não, nem me parece pessoas que se apega a coisas.
-Como é o seu nome? Ela me perguntou.
- És sempre assim? Perguntei exatamente depois de terminar de perguntar pelo meu nome.
-Não, só acho que devemos ser aqueles que se aliviam e, ser nada dado a complicações das coisas, por isso, queria entender o rapaz que nos insultou.
-Lamento por não poder ajudar sobre ele e peço escusas sobre a forma de falar dele, nós não costumamos comportar desta forma, mas, ele tem la as suas motivações.
-Motivações? Faltar respeitos ás pessoas desta forma tem que ter motivações…tem que ser gigantes motivações. Falávamos de carra descidos em voz baixa sem dar tanta atenção a o que passava com os restantes passageiros.
-Sim há motivação para tudo, talvez os dele tem a ver com o campo já que as falas começaram quando abordamos o assunto do campo.
-Olha que é uma boa motivação, mas já passou muitos anos.
-Talvez ainda há marcas mal apagadas e mal resolvidas, essas coisas deixam cicatrizes e com o tempo fedem, estragam e ficam sem curro, muitos homens morrem com a alma mal resolvida.
-Aaaaa, alma mal resolvida. Sorrio, vi, nos lábios, não gostei da situação do rizo.
-Mas porque sorri?
- Gostei da ideia de um homem ter alma mal resolvida.
-Conheces algum?
-Eu não, não nasci e nem criei com preocupações.
-Então não tens a noção das coisas da vida, és só uma portuguesinha de trinta sem nada para fazer. Me observou, me comeu com os olhos, com insatisfação e se meteu em silencio depois de dizer-me.
-Caraças pá, caraças pá.
Depois disso, ela levantou a cabeça e fiquei na mesma situação e o carro parrou e passou mais uma quebra mola e virou numa cuva que de acesso a uma estrada de grande elevação, todos os passageiros viraram para um alado e ela tocou em mim, com esforço, sem querer e cada vez que se esforçava mais ainda o caro virava e ela impedia toque entre os nossos corpos até que o braço que segurava no pousador do banco cedeu e caio de seios e a barriga em mim. Depois da longa curva a viatura se estabilizou a subir devagar na grande estada fastigiosa de carros. Já estamos em achada longueira e o Miguel mostrou se curioso com a paisagem que se criou de repente na nos seus olhos, olhos de quem não conhecera o lugar.
-Senhor condutor poço lhe pedir um favor?
-Claro, observou no espelho interior do carro a cara do Miguel na parte detrás.
-Permitas-me tirar algumas fotografias desta paisagem?
-Então queres que eu pare por uns minutos?
-Sim, por favor.
Ergueu a cara o africano enquanto os outros passageiros mantinham calmos. Com os lábios negros disse.
-Se eu te pedisse não farias isso, pois não?
-Cala-te meu. Respondeu o jó-amanau
Jó-amanau parou o carro na berma da estrada a menos de um metro fica a ribanceira profunda ladeada por rochas graníticas por um lado e outras basálticas dando um certo cor quando na ponta ao longe fica o mar. de achada longueira vê-se toda a imensidão de Tarrafal e o único impedimento de se ver o outro lado, de se sentir o outro lado é o monte graciosa a longa distancia, seco e castanho como restantes espaços na época de sequeiro, Miguel fotografava de varias formas, enquanto a senhora Gomercinda o assistia admirada de dentro de carro o Miguel a capturar a ilha do fogo a longa distancia e a sua insistência em apanhar a imagem da prisão que aprecia de longe como se fosse uma maqueta feita no chão e toda a avenida que liga chão bom e centro da cidade se evidenciava conforme o sol se declarava a uma parte do mundo que se declarava a um bom dia. 
-Meu nome é Núbia de Canto e Castro. Falou a menina dos trinta.
Fitei-lhe com um olho e pisquei com o outro olho e acenei com a cabeça de já ter ouvido, guardado e registado. Virou a cara para rua e no Miguel que insistia nas fotografias, o africano esta impaciente.
-Vamos Miguel, não ti abuses da paciência do moço e do chofer.
Finalmente terminou de fotografar. Recomeçamos a viagem enquanto o jó-amanau respondia com satisfação pelo espelho os agradecimentos do Miguel.
-E então senhor mistério, o que achas da prisão?
Com a cara de odeio, o africano encarrou o Miguel, lhe matou em silencio, na testa lhe saia nervos, nos olhos vermelhos sangue, há alguma relação entre o odeio, sangue e a morte. O Miguel lhe assegurou com um certo olhar de raspão de que a conversa não é com ele.
-Vocês vêm aqui com conversa mansa, com astucias de boa pessoas e fazem amizades com facilidades, porque ainda admiramos as vossas peles e cores, ainda submetemos as vossas formas de domínio. Concluiu o africano.
-Mas o quê que estas aí afalar meu rapaz.
- Não sou homem misterioso, não sou, nunca mais voltes a me chamar, nunca te deu intimidades, não ti conheço de lado nenhum.
-Ainda alguém com essas ideias. Ainda bem que não me conheces meu jovem. Reforçou o Miguel sem se aventurar em discutir ou puxar a conversa com a africano.
-Essas ideias? seu português filho da puta.
O comerciante o observou num olhar raso, preocupado e lhe proferiu algumas palavras.
-Amigo, precisa de reparos urgentes, aaaa. ele ignorou o comerciante senegalês e continuou com o Miguel um com raiva sem aparente sentido e o outro bastante calmo.
- As vezes a verdade me parece uma forma de necessidades que precisamos para mentir com alguma razão. Desta vez falou o amigo do Miguel ao lado que manteve sempre em silêncio.
Depois da reação do africano me senti acanhado, não é estar a defender os portugueses e nem outra coisa, não precisam de defensores, eles abriram porta de europa ao mundo, são um grande povo e uma grande nação, mas, o que me incomodou é a forma de ofender tão fácil, tão gratuita. O que é um homem que é dado às coisas fáceis? O homem de fácil trato resolve impossibilidades nas mil e umas possibilidades e não se amalandra nas entrelinhas da vida. Me choquei por ser eles até aquele momento pessoas pacificas e visitantes da cidades e colegas de viagem à cidade capital. 
- É sempre assim, não é só por aqui, isso um dia irá explodir se nada for feito, porra. Afirmou a Núbia Canto e Castro. Gostei de tudo no nome dela o apelido me pareceu de pessoas importantes do seu país, apelido forte e misterioso. Canto e castro .
A minha vontade era manter em silencio não tomar parte da conversa, no momento se desenhava alguma intolerância do africano através de um assunto que teve os seus casos e descasos e a construção da espantosa prisão. Por intolerância, maldade e gratuitidade das coisas, neste caso fazer o mais fácil era faltar respeito demonstrar raiva sem a mínima noção de se saber quem são. De certa forma a reação do africano se assemelha a do regime de Salasar que trouxe o campo até a cidade.
-A pergunta do amigo português é para mim, só recuso o adjetivo misterioso, recuso porque não me conheces e nem eu a ti e nisso há uma distancia grande e vazia, mas não é um mistério, são espaços fáceis de serem preenchidas, normalmente a palavras aproximam e puxam as pessoas uma das outras e também afastam, por usar as palavras é que os portugueses e os africanos vieram para no Ex campo de concentração.
-Palavras, palavras, sempre palavras, as palavras são junções das coisas que dão corpo aos atos, resta nos saber o que fazer na vida. Comentou la frente no volante o jó-amanau.
Miguel é observador e calmo, parecia alguém que não abala facilmente, por momentos pego me a pensar na sua modéstia. deixa a sua mulher ou namorada sentar a meu lado dividir diálogos e alguma proximidade. Ainda que me sinto algum receio em tocar nas mulheres brancas, nasci vendo o meu tio fazendo desfiles com as brancas, em vez de desenvolver esse vicio, sinto um certo medo em envolver com elas, talvez pela forma que o meu tio os tratava e de certo modo dava muito pouca atenção as esposas cabo-verdianas. Quem ficava sempre era as cabo-verdianas e as brancas iam embora e não voltavam. Talvez o meu medo fosse a forma que se levar o coração da pessoa. Acho que aquele homem garanhão tem algum subsidio reservado de encanto, tem lábia e aldrabice, ele sim, posso afirmar que o meu tio é o homem das ações e palavras, dispunha de mulheres com alguma espontaneidade.
O que é uma mulher fácil e de péssimo trato? Há algum tempo ia a prisão, o meu tio andou a trabalhar de guarda no Ex campo de concentração de guarda, por trocar serviço com engate as turistas acabaram por perder tira-lo o emprego, quase que nascia naquele espaço quando o meu pai foi trabalhar no posto de vigia e antes da sua reforma providenciou o serviço de guarda ao meu tio, depois da independência, mas ele é um desventurado das mulheres.

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