O
rapaz ardigadu e vestido de preto tem poder. Antigamente ele mais observava o mundo quando penicava o mau gosto dos homens, hoje ele já percebeu que o seu olhar penica as moças, é o seu poder, ser o rapaz bonzudo. Na mesa, levanta a cara em direção a outra mesa. Colegas
brindavam com café, dia antes, a bebedeira da caminhada no outro lado da ilha,
levaram filhas e deixam as mães em casa. Não foi muito benéfica com a cabeça e
estômago a gataria de sexta. O rapaz vira a cara para a menina a frente.
Percebe-se que a menina, quer, ela morde os lábios e engole a cerveja, abre um
pouco mais os olhos até a boca do moço. Na outra mesa a amiga autoriza a
empregada de mesa para servir mais dois cerejas, provavelmente já assistira o
clima quente ainda na caminhada, faz-se calor nas caminhadas, a rapariga nova
de um metro e sessenta, sentado no café da Shell, calça apertada, lábio
demasiado cru para o estado sentado à frente do moço novo, que treme por dentro
e deseja tudo de uma só vez e os que estão a volta percebem que se ninguém
estivesse ali, o talho seria coisa para além da terra do nunca, na boca da
miúda existe carne morta, o fogo bom da mais bela arquitetura pura. Ela é linda
meu caro, confidenciava os reformados que cheiravam a dor da idade. Seres que
matam por amor em algum dormitório noturno a cheiro de grogue fedi e uma
recordação doce preso na memória, porque a menina perdeu a castidade, apesar de
ser assim, tão bela, já passou da idade de ser virgem, mas, era, nenhum objeto
mal comportado passou-lhe por baixo, esses que são por vezes mal humorado.
Suores e o mar aí perto para lavarem o teto cheio de malvadeza para o ritmo do
corpo que precisa e sente que um único gesto de carinho contra eles mesmo seria
a queda de um beijo um do outro. É desejo, meu amigo. Disse a menina da
cerveja.
-Eu
invejo esses meninos que exalam querer, bom mesmo é saber que depois de tudo
querem se ver. A moça é bela, merece ser levada a terra do nunca, nunca se pode
deixar de amarar uma moça como aquela. Nunca.
Saímos
da nossa mesa e fomos sentar mais perto. Ouvimos o rapaz antiletárgico a
apalpar-lhe pelas palavras, a menina de cerveja observa e lê os lábios do rapaz
e eu traduzo-lhe em gestos o que rapazes diz à maça cru e de cerveja na boca.
Ela
está ansiosa para perceber e, eu estou ansioso para dizê-la o que sempre queria
dizer e ouvi o rapaz a dizer a menina. De repente, a palavra foi certeira, a menina
crua de cerveja agarrou o rapaz e beijou com tanta força, pudor e desejo como
se o sol nunca enfrentasse as nuvens porque o motivo e razão é a procura de algo
flácido e fundo, e a noite despedisse dos homens pela manha, a própria manha
escondesse numa garrafa de cerveja e nós, os mortais, seremos vítima e simples
invejosos da situação do casal cru da Shell.
A
menina a minha frente ansiosa fez-me o sinal, atira-me com a mão para dizer o
que ele disse a miúda. E preparei as palavras como uma arma com flor na boca
igual aos rapazes de abril antigo na praça da república, la nas terras tugas, respirei
e finalmente. O casal que acabou de beijar, foi-se embora. Então decide falar
com a menina a frente.
—
Disse.
...
Por:
Mário Loff
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