Tenho poesias sangrentas!
Perfuradas com balas
São temperadas com pimentas
As minhas vozes e as minhas falas
E as poesias
Embora vazias
Tenho muitas delas
Duas são belas
Três têm telemóveis novos
Uma come ovos
Embora vazias
Estão cheias de stress
Essas minhas poesias
Embora vazias
Estão todas no topless
Quatro são virgens grávidas
Outras quatro têm quatro filhos
Vivem em quatro quartos
Comem quatro patos
Usando quatro sapatos
Duas das demais
Choram doces
E cagam chocolate
Mijam água e sais minerais
Uma está numa boate
Outras viajam livres na prisão
Três delas são casadas com elas mesmas
Porque estão vazias
E elas não deixam de ser
Aquilo que são
Poesias
Em celas frias
Fechadas no meu coração
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