quando um preto e uma preta se relacionavam em plena cidade velha, nascia um pretinho que não era lá muito africano do continente. com o tempo, aquela criança começou a entender que a sua raça não dominou o mar e nem a terra e, foi levado pelo mar para outras terras, isso faz dele um escravo, mais ainda, inventa-se um escravo através dele.
quando uma preta e um branco se cruzavam nascia um menino lindo, que até hoje não sabe se é africano ou europeu. muito cedo concluiu que por ser filho do homem de pele e fato branco, não devia brincar com o negrinho por muito tampo, é que havia a possibilidade de todos escurecerem na alma e pele, em alguns momentos a mãe africana de pele escura como a noite de turbulência avisara-lhe de que ele é mulatinho, filho de branco que nasceu com alguns direitos.
ser mulato é ser tanta coisa na pele e sangue. é ser mestiço e confuso na cabeça, e ser outras coisas com angústia disfarçada e ficar sem falar muitas coisas que importam ser ditas, mas o tempo passou e muitas palavras ficaram duras, intactas e passamos a temer uns aos noutros exatamente como os colonizadores faziam. a África já existira antes dos crioulos e mulatos, somos só grandes filhos dos pretos e brancos coloridos de raças.
aquela criança cresceu muito. Aprenderam a fazer coisas dos brancos e, perderam o nome e o apelido dos restantes africanos que chegaram aqui, aprenderam a remar no alto mar como eles, aprenderam a se relacionar nos seus e em seus nomes e nas suas palavras, quando traficavam na costa ao lado do pai branco e voltavam para casa, concluíam que a própria ilha aprendeu a observa-los.
ser mulatinho filho de negra e de um branquinho europeu é uma vantagem. abria a possibilidade de ver para além da corrente nos pés e, sonhar um pouco para além da ilha e, da porta do pequeno funco.
ali era a possibilidade de um mulatinho vir a ser cabo-verdiano de se ser uma raça crioula que veio ocupar a última vaga no mundo. no espaço de quinhentos anos esses mulatos cabo-verdianos colonizaram os guineenses a mando do pai branco que nunca chegou dominar a guine. esses mulatos aprenderam a ver para as ilhas e, as ilhas deixaram de olhar para eles quando vomitaram as últimas trincheiras da seca estrema e fome com garras, então persistiu a dúvida de se ser africano, o assunto passou ao estado de tabu.
atualmente tem mais deles fora de cabo verde. estão mais na Europa e na América do que em África. estão espalhados no mundo fazendo mulatice.
next-
Postar um comentário