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Aquando da criação do primitivo concelho de Santa Catarina, no longínquo ano de 1834, pelo então prefeito de Cabo Verde, Manoel Antonio Martins, que, apesar de conhecedor das grandes e belas praias das ilhas do Sal e Boa Vista, reconheceu a importância das baías de Tarrafal, recomendando explicitamente como sendo para praias de banho as baías de Ribeira da Prata, Mangue e Fazenda, todas elas bastante arenosas, isto era o evocar da vocação turística de Tarrafal.
O visionário Manoel Antonio Martins, num extenso documento justificativo para a criação do concelho de Santa Catarina que apresentou á Coroa, referiu sobre a potencialidade turística, quase que singular, de Tarrafal, isto é, das suas paradisíacas praias e do seu melhor porto da ilha, o segundo melhor do arquipélago.
Os governadores que depois dele chegaram ao arquipélago pouco ou nada interessaram sobre essa matéria, aliás, tudo continuou virgem como antes, não obstante exaustivos relatos deixados por “thouristas” que passaram por Tarrafal a partir da segunda metade do século XIX até início dos anos sessenta do século passado.
Atraído pela belíssima praia de Mangue bordado de coqueiros e protegida pelo majestoso monte Graciosa, que empesta contínua acalmia e brilho à sua água, na segunda metade da década de sessenta do século passado chega ao Tarrafal um grupo sueco para começar um ambicioso projecto turístico, o primeiro iniciado em toda a província. Projecto que compreendia inicialmente o seguinte: construção de bangalôs, túnel e via teleférico no monte Graciosa para dar acesso à praia de Fazenda, construção de um aeroporto, um liceu e hospital de referências, e a requalificação urbana de toda a Vila. O projecto ALDEIA TURÍSTICA começado pelo grupo sueco viu-se interrompido ainda no início, por causa de um incidente diplomático entre Suécia e Portugal, isto é, o então ministro dos negócios estrangeiros sueco Svem Olf Joachim Palme, amigo pessoal de Amílcar Cabral, influenciou a chegada deste à ONU, sendo de imediato o PAIGC reconhecido como legítimo representante dos povos da Guiné e Cabo Verde, e na sequência, Amílcar Cabral discursa a 19 de Outubro de 1972, na Organização das Nações Unidas. E, Portugal considerando tal atitude como um acto de traição, deu ultimato ao grupo sueco para que num período máximo de 72 horas abandonasse a província, ficando o projecto pelo caminho.
As autoridades da província viram frustradas as suas espectativas, com consequências directas e nefastas para Tarrafal.
Contudo, na intenção de dotar a província de sua primeira infraestrutura turística, o governo da província aproveitando-se da obra iniciada pelo grupo sueco, construiu a famosa Aldeia Turística de Tarrafal, primando por deixar como marco na construção da referida aldeia, traços típicos de construções da região. A infraestrutura ora construída deu vasão à procura, tanto nacional como estrangeira, durante alguns anos.
Com o advento da Independência, o governo da primeira república deliberadamente olvidou Tarrafal no concernente a investimentos turísticos, pesa embora, o uso frequente da Aldeia Turística por parte dos membros do então governo, um paradoxo.
Na vã tentativa de travar o desenvolvimento turístico e não só, do Tarrafal, desviaram sempre os investimentos em infraestruturas turísticas que provavelmente podiam ser feitos neste concelho para outros destinos, relegando Tarrafal sempre para a última oportunidade.
Passando para a segunda república, eis que Tarrafal sonha de novo com turismo como alavanca de desenvolvimento, depositando toda a confiança no governo saído de eleições livres e democráticas, governo que prometeu muito e fez pouco nessa matéria.
Novo governo, novas promessas, quinze longos anos de esperança, quinze anos de briga e de procura incessante de protagonismo entre governo e câmara municipal, como diz o velho provérbio «na guerra elefantes capim é que sofre», e assim continuou Tarrafal esperando por melhores dias.
Está-se há quase quatro anos de um novo governo, assiste-se a assinaturas de contratos, promessas de construção de grandes infraestruturas turísticas, prometedoras para a economia do concelho e não só, mas que se quer traduzidos em obras concretas.
A Câmara Municipal anuncia projectos de investimentos privado, promove warkshops, e o munícipe ansiosamente espera. Sinais foram dados, mas de forma ténue. Os projectos anunciados pela Câmara Municipal são de muita grandeza e requer esforços, isto é, exige mudança de atitude, tanto da parte das autoridades como dos munícipes, porque o turista quer qualidade até no mais pequeno dos pormenores. E essa mudança de atitude deve estar presente nas questões como: saneamento, segurança, saúde, serviços de restauração e hoteleiro, promoção de actividades culturais e recreativas, oferta de produto artesanal genuíno (caboverdiano), controle de poluição sonora, entre outros.
E para que essas mudanças ocorram é preciso ter em conta um conjunto de acções que a seguir se enumera:
1 -  demolição de pardieiros abandonados por longo período de tempo e vedação dos que assim justifica;
2 –  remoção de escombros nas ruas e bermas das estradas, retoque das ourelas dos passeios e respectiva caiação, bem como limpeza e recolha de pedras soltas e remoção de capim nas ruas;
3 –  desobstrução de passeios e ruas que se encontram ocupados (fechados), com chapas de zinco e outros materiais de construção, para além do período de tempo autorizado;

4 –  construção de um canil municipal com condição aceitável de funcionamento (é um imperativo), para abrigar cães abandonados que deambulam pelas ruas e praias da vila, contribuindo assim para a eliminação de dejectos nas ruas e praias, que para além de perigar a saúde pública com o cheiro nauseabundo que deixam, obrigam os transeuntes a ziguezaguear nas “estradas” e passeios;
5 -  construção de urinol nas praias e em pontos estratégicos desta bonita e histórica vila;
6 –  implementar e incentivar os munícipes ao escrupuloso cumprimento do código de posturas municipal, aplicando coima aos prevaricadores;
7 –  combater delinquência com policiamento de proximidade;
8 –  realizar campanhas de educação para cidadania;
9 –  melhorar e aumentar a iluminação pública;
 -  colocar vigilância nas praias e proximidades;
11 –  assegurar com guias (agentes especializados) as deslocações dos turistas;
12 –  promover a reintegração de indivíduos com desvios comportamentais no seio da família, ou então internamento em instituição própria, ouvindo familiares;
13 –  dotar os agentes policiais de conhecimento básico de mais três línguas (inglês, francês e alemão);
14 –  melhorar a qualidade dos serviços de saúde nos mais diversos aspectos;
15 –  ter restaurantes e bares com balconistas e cozinheiros formados, e exigir práticas de higiene na prestação de serviço;
16 –  garantir serviço de qualidade nos hotéis incluindo segurança dos hóspedes;
17 –  facilitação de condições para realização de noitadas com músicas típicas como funaná, batuque, morna, coladeira, entre outras actividades;
18 –  incentivar a criação de espaços de diversão com jogos de mesa como xadrez, ping-pong, bilhar, etc., e jogos de praia;
19 –  instalação de uma loja ou postos de venda de produtos artesanais genuinamente caboverdiano;
20 –  colocação de alpendres com os respectivos catres ao longo da praia, e instalação de quiosques para serviços diferentes e de qualidades (refeições ligeiras, lojas de artigos diversos, posto de informação turístico…);
21 –  controlar e impedir actividades que constituem poluição sonora independentemente da hora em que as mesmas ocorrem;
22 -  não permitir comportamentos nocivos ao ambiente por grupos de passeios que demandam às praias.
A criação de um Museu Municipal, com localização privilegiada, para nele ser representado parte da rica história do concelho, com questões de interesse como sendo a história dos Rebelados de Santiago, a Batalha de Mangue, a Revolta de Portal, a Passagem do Capitão George Roberts pelas baías de Tarrafal, etc., seria um atrativo turístico de capital interesse.
O projecto de transformação das antigas residências dos guardas do ex-Campo de Trabalho de Chão Bom, em pousada, cogitado em 1974, deverá ser retomado sobretudo agora que a antiga Colónia Penal de Cabo Verde está na eminência de ser elevado a Património Mundial da Humanidade, será uma mais valia para o turismo nacional.
A recuperação e transformação de algumas casas antigas dos Rebelados em pousadas de escala, durante a prática de turismo de montanha, com histórias precisas sobre os Rebelados e outras questões de interesse, trará também vantagens ao turismo.
A transformação daquele que é o primeiro Colonato Agrícola de Cabo Verde, ou seja, Colonato Agrícola de Chão Bom em estância turística, contribuirá também para o aumento de oferta turística.
Tomando em consideração as potencialidades turísticas que Tarrafal possui, aliás, Tarrafal é capital turístico nato de Santiago, quiçá do país, em sendo exploradas com o rigor que a indústria turística requer, Tarrafal estará em condição de irradiar externalidades positivas para o país todo.

                                                Tarrafal, 25 . 11 . 2019

                                                                                           CaFeSa

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