Entrevista: Presidente da Câmara Municipal do Tarrafal, Sr. João Domingos (Perguntas y Respostas) |
JD: Em primeiro lugar devo dizer que a vida social é dinâmica e que, por conseguinte, nunca se atinge um equilíbrio estático. Aliás, reza uma das teorias de desenvolvimento que este último se faz por desequilíbrios. Qualquer sociedade que pensa atingir equilíbrio social e económico pára de evoluir. Portanto, deve-se estar sempre a resolver os desequilíbrios, não para atingir o equilíbrio, pois não será possível, tendo esse processo de correcção dos desequilíbrios o mérito de ser propulsor do desenvolvimento. Devo também dizer que estou a completar o Terceiro mandato de 4 anos cada e que ainda tenho onze anos à frente dos destinos do município e não 15 anos.
Quanto ao balanço dos meus mandatos, muitos poderão querer que eu faça inventário das infraestruturas construídas que são muitas: Estádio municipal, 11 polidesportivos construídos, centros comunitários construídos em todas as zonas do Concelho, à excepção de Mato Mendes e Achada Moirão, Jardins infantis construídos em todas as localidades do Concelho. Tarrafal foi o primeiro Município de Santiago a ter cobertura da rede de energia eléctrica a 100%; o primeiro município de Santiago em matéria de abastecimento de água, tanto em qualidade como em quantidade. Neste momento, em matéria de urbanismo, arruamento e calcetamento, somos referência na ilha de Santiago.
Pessoalmente, valorizo muito mais a aposta que o município tem feito na educação e formação, garantindo as condições de acesso ao ensino e à formação a filhos de muitas famílias carenciadas. Pois, constitui via privilegiada para o combate à pobreza e promoção de um desenvolvimento sustentável.
2- Sr. Presidente por que motivo não foi acabado a obra que "liga" o Hotel Tarrafal á Baia Verde? Que contributos espera dos jovens, quadros tarrafalenses para o desenvolvimento do municipio(que áreas)? Eunice Helena Mendes Landim
JD: Trata-se de uma obra que fora financiada no âmbito do contrato programa assinado com o Governo, ainda antes da minha chegada ao cargo do presidente da Câmara Municipal. Portanto, deixando o Governo de conceder o financiamento para a sua conclusão, andamos à procura de alternativas de financiamento que, para além da simples conclusão da obra em apreço, valorize e aproveite turisticamente, toda aquela baía, incluindo o próprio reservatório. Temos estado a negociar com privados e já há manifestação de interesses e estamos a analisar as propostas.
Quanto à segunda questão, não deveria ser eu a esperar pelo contributo dos jovens para o desenvolvimento do nosso município, mas sim os jovens a assumirem essa responsabilidade. Pois, o desenvolvimento não é um processo institucional, mas sim social. As instituições devem remover os obstáculos que impedem aos cidadãos de darem as respectivas contribuições no processo de desenvolvimento e funcionar como um catalizador de todas as potencialidades sociais, humanas e económicas em prol do desenvolvimento. Creio que temos funcionado como tal e estimulamos todas as iniciativas privadas que têm surgido no município.
3- Tarrafal tinha acoes na sociedade caboverdiana di Tabaco é bendedo cuse qui fazedo cu quel dinhero? Nta lembra ma Luxemburgo tinha um grande projecto de riqualificação de zona de Ponta Lagoa ate Monteria, kuzi ki passa ku kel projecto la?Sergio Varela
JD: Tarrafal tinha acção na Sociedade Cabo verdiana de Tabaco e e bendel porque instuição como Câmara Municipal ca podi sata investi na kusas qui ta prejudica saudi di pessoas. Aliás Cabo Verde ê membru di Nações Unidas e Organização Mundial di Saúde ca ta aprova ês tipo di investimentu feitu pa Instituções públicas. Entretanto, quel dinheiro foi depositadu a prazu na bancu e, para além de juros qui ê ta rendi pa Câmara, ê tem servidu di fundu de garantia para pedido de empréstimo qui foi utilizadu na financiamentu di projectos importantes pa desenvolvimentu di Município, como: água, energia, estádio e urbanização.
Quanto a segunda queston: efectivamenti , quando nu tchiga na Câmara, ku apoio de Philipe Aschman, nu elabora alguns projectus como mercados e projecto de requalifficaçon di Ponta Lagoa até Monte Iria. Projectus di Mercadu avança inda na tempu di Governu di MPD ki da Câmara tudu apoio junto di Governu di Luxemburgo na negocia financiamentu.
Quantu a projectu di reabilitaçon di Ponta Lagoa até Monte Iria, na valor de 350.000.000$00, ê foi feito na tempu de actual Governo, ê foi aceite pa Cooperaçon luxemburguesa na altura, más Governu di PAICV entendi ma ê ca era prioritário, recusa apoial e manda tral di pacote di fianaciamentu, substituil pa otu projecto e pa otu município.
4- porque motivo cas (porto) ca ta conpodo? unico cusa que falta pa bo fasi.Naldino Mendes Fernandes
JD: Dja nu fasi tcheu kusa di factu, más inda falta um monti kusa pa fasi. Na Cabo Verde, tem áreas ki ê di competência di Governu, como ê caso di porto (cais), e tem otus ki ê di competência di Câmara. Dja nu coloca ês problemas a Governu várias vezes, más inda nu ca tive nenhum resposta. Na quel ki ê nôs área di intervençon, graças a Deus, nu ka tem ki queicha.
5- Como se encontra a situação financeira da nossa cidade? Porquê que não dão lotes de terrenos aos nativos tarrafalenses para este pagarem em prestações? Rosindo Cardoso
JD: Devo dizer que não temos uma boa situação financeira, mas no contexto dos municípios caboverdianos, somos dos poucos que honramos todos os nossos compromissos e que ainda tem credibilidade e abertura junto dos bancos para obter financiamentos para investimentos.
Quanto aos lotes de terrenos devo dizer que temos trabalhado bastante esta questão e temos várias opções disponíveis para todos aqueles que desejam um lote de terreno no Tarrafal:
a) Lotes em regime de aforamento para pessoas que recebem u salário inferior a 20.000$00 mensal, que não tem nem outro lote, nem moradia própria;
b) Lotes à venda: pronto pagamento ou em prestação. Neste último caso, é concedida um tratamento especial aos jovens quadros tarrafalenses com vencimento superior a 20.000$00, mas que não podem pagar na totalidade e antecipadamente, podendo optar por essa modalidade e levantar os documentos necessários ao arranque da construção da sua moradia, oferecendo uma garantia à Câmara Municipal do regular pagamento das prestações.
6- O senhor pretende candidatar na proxima eleição autarquica ?Tivvy Loff Barbosa & Rito DeCarvalho
JD: Estou numa fase de reflexão. Entendo que não estou em divida para com Tarrafal, pois já dei, de forma abnegada, a minha contribuição para o desenvolvimento do Tarrafal. Muitas pessoas, posso dizer a maioria dos tarrafalenses, incitam-me a concorrer para mais um mandato, tendo em conta os progressos que o município conseguiu com a minha gestão. Há outros factores a serem tomados em consideração antes de tomar uma decisão sobre este assunto: família, vida profissional, entre outros.
7- se controlar, como é que Câmara controla o funcionamento do Complexo Turistico Baía Verde?Tivvy Loff Barbosa
JD: o complexo turístico baía verde foi arrendado, por um período de 15 anos em 1995, mediante um contrato celebrado que já chegou ao seu término. Neste momento estamos a lançar um novo concurso, procurando um novo investidor para estabelecermos um novo contrato de arrendamento a longo prazo. Estamos a privilegiar investidores da área. Os nossos controlos são exercidos através do contrato que será do domínio público, pois, no lançamento do concurso, serão dados a conhecer aos concorrentes os termos do futuro contrato. Todos os Tarrafalenses poderão exercer um controlo, tendo conhecimento do contrato a ser celebrado.
8- porqué que as actividades feitas devendo ser em prol da massa ao meu ver se estagna a pessoas que trabalham na cámara para parecerem e o senhor tem conhecimento e nada faz? eu estou contente com o «vosso» trabalho não posso negar, mas a entidade ou instituto quando promove actividades não devia promover pessoas no meu ver. o mérito , o carisma tem que vir com a pessoa não a força, o uma pessoa altroísta sem saber consegue isso sem arrancar a meritocraçia do trabalho que se destina aentidade e que é pago para ser feito. mas parabens tém feito bom trabalho.Mirelle Silva.
JD: Muito obrigado Mirelle. Como tu, também eu penso que as instituições devem privilegiar a meritocracia em vez das pessoas. Como sabes, precisamos de trabalhar a mentalidade das pessoas para promover uma mudança de atitude face ao bem comum e face ao trabalho. É algo que pode levar o seu tempo, mas tem que ser trabalhado desde já para podermos colher os seus frutos daqui a 5, 7 ou 10 anos. Eis a razão porque temos feito uma grande aposta na educação e formação, como sendo uma via para alcançar esta meta.
9- quais sao os projectos , que o sr tem na carteira , pensando seriamente no desenvolvimento do tarrafal?
Nene Shakur
JD: Os projectos que temos em carteira e que são da competência da Câmara Municipal, são aqueles que vêm sendo feitos, aos quais se acrescentam a promoção do turismo. Pode-as ver na resposta dada à primeira questão. Entretanto, devo dizer que a maioria dos projectos em que deva estar a pensar é da competência do Governo.
Todavia, aproveito para relembrar, uma vez mais, o desenvolvimento não é tarefa apenas da instituição, como também pode ver na resposta dada à pergunta número 2. O Desenvolvimento é uma questão eminentemente social, cabe à população de assumir a sua quota parte de responsabilidade, pelas mais variadas formas e mecanismos ao seu dispor.
10-kuse ki nhos sta oferece pa tarrafal nes proximos meses ??? nhos teni algum projeto (emprego) pa jovem tarrafalense ???Agnello Leonard
JD: Cabo Verde ê di kês pouco país na mundu, undi pessoas ta pensa ma kem ki tem ki empregal ê Estadu! Também tarrfalenses ta pensa di mesma manêra.
Nu cria lembra ma tudu kês país undi ki Estadu ê qui ê principal empregador, sta na crise grave. Kusa ki deve ser feitu ê promovi empregu na sector privadu, undi jovem podi imagina e cria sê próprio empregu e até ser empregador di otus jovens. Câmara Municipal di Tarraal tem dadu várius incentivos a jovens pa criaçon di empregu, concedendu até financiamentu pa projectus viáveis. Nês momentu, nu sta estimula investimentu privadu na sector di turismu pa cria más empregus pa jovens.
Enviu de estudantes Tarrafalenses pa curso na Portugal
11- pmd ki tinda camara de tarrafal sta manda minis pa curçu medio se kela sta claro ma ka sta da resultado?Amandia Rodrigues & Bigdjanas Juliano
JD: Em primeiru lugar nu cria esclarece ma Câmara di Tarrafal ca ta manda minis bá studa na Portugal. Câmara apenas ta busca vagas di formaçon e ta coloca na disposiçon di jovens. Câmara ta busca vagas na Cabo Verde e fora di Cabo Verde. Jovens tem possibilidadi di escolhe livremente, dipôs di ês sta devidamente informado sobre condições de studa la fora ou li na Terra. Cada um ta fasi si opção, pois cada pessoa ê livre di escolhe kusê kê crê pa si vida desde ki ê ca ta prejudica otus. Dja tem tcheus jovens ki em vez di bai fora pa formaçon, opta pa forma li na Cabo Verde, cu apoio di Câmara e djês sta na trabadju. Podi perguntadu, pamodi ki jovens djuntu cu sês pais ou encarregadus de educação ta opta pa formaçon na Portugal. Acho ki ê um queston cultural. Claru ki tem formaçon ki inda ka tem li na país. Na kel caso li ê normal ki jovens bai pa Portugal. N’tem um percepção ligeiramente diferente di Amândia. N’ ca ta afirma categoricamente ki formaçon na Portugal ka ta da resultadu. Problema ki ta coloca ê di ordem fianceiru, más tudu mininus, djuntu cu sês pais, ta informadu antes de ês escolhe vaga sobre ês problema li. Mesmu assim, caboverdianu ca ta fugi a tentatação de corre aventura, sabendu ki sês encarregadu di educaçon ka ta podi djudas la fora. Infelizmente, num Estadu di Diereitu e de liberdade, nu tem ki respeita escolha de cada um.
N’ podi també colocau um queston ki podi djudou cu ntendi ês queston. Pamodi ki Cabo Verde ta oferece tcheu oportunidadi di investimentu e di trabadjus, más ki inda bu tem tcheu alguém ki ta pensa na emigra pa países europeus undi tem crise grave? Inclusivé, cumprandu visto pa um balúrdio di dinheru? Enquanto ki bu tem nos amigus di Costa Ocidental Africana, ta domina praticamente nós mercadu di trabadju. Ca ta parceu ma ê más um questaõ de ordem cultural? Ta custa bu convenci caboverdianu ma el ê capaz di consegui dentu di si país o quê sta bai busca la fora. Inclusive mi n’tem um irmã, claru ê ca studanti, qui opta pa emigra, mesmu dipôs di n’dal conselhu e hoji ê ta dan razon!
12- Pamodi k camara ka ta djuda kes minis ki ta studa li na nós universidade (Cabo Verde) em vez de sta manda un monti pa fora sem resultado?Josiene Cardoso
JD: Talvés josiene precisa de más informaçon. Claru ki Câmara ta djuda estudantes li na Cabo Verde! Infelizmente nu ca ta podi djuda tudu. Kenha ki tem competência pa da ês ajuda ê Governu. Só pa bu informaçon , anu passadu Câmara Investi más di 11.000.000$00 na apoia na formaçon na Cabo Verde. Pelo contrário, nu ca ta da nenhum ajuda a estudantes ki ta bai fora. Único ajuda kês tem ê kês ki scolas la na Portugal ta dás ou ki alguns Câmaras nôs amigos ta dás.
13- Kuze CMT ta fase pa midjora situasom di formasom profisional na Tarrafal, na ladu di manda algem pa fora (ki ka sta um solusom)?Christian Fu Mueller
JD: área de formaçon profissional ê di competência di Governu. Entretanto, Câmara di Tarrafal tem estimuladu tudu kês iniciativa privado (Tarrafal Eventos) ou púiblica (na Escola Secundária di Tchom Bom), financiando formaçon a kês jovens ki ta studa na kês 2 local li.
14- Qui forma que CMT ta contribui pa formação de estudantes tarrafalenses fora de país, na Curso Superior?Teresa Ramos
JD: Teresa, nu ka tem djudadu studantes na formaçon fora di país porque ta exige recursos ki ta ultrapassa capacidade financeira di Câmara. Pontualmente, pa studantes ki sta na fase final di formaçon, si ê sta atravessa pa grandes dificuldades ki podi comprometel si terminu di formaçon, studante ta mandanu um pedidu e nu ta dal um apoio pontual.
15- Minha primeira pergunta é: Como e quando é que Tarrafal vai tirar (recolher) proveitos dos alunos (jovens) que estão a fazer o curso médio no estrangeiro (mas propriamente Portugal)?Cardoso Ana
JD: A premissa que está por detrás da formação, resume-se no seguinte: qualquer processo de desenvolvimento deve ter um forte suporte endógeno. Nenhum território pode desenvolver-se exclusivamente com recursos externos, pois a vulnerabilidade seria de tal monta que coloca o problema de sustentabilidade de desenvolvimento. Hoje, mais do que nunca, sabe-se que o saber e o conhecimento são os principais alicerces de desenvolvimento, para quem quer ganhar a batalha da competitividade e impor-se como líder no mercado. Ora bem, estando Tarrafal com jovens formados, estes estarão melhores preparados para contribuírem com ideias ou conceberem projectos e implementarem no município. Por outro lado, se os postos de trabalho que aparecerem no Tarrafal forem ocupados por tarrafalenses, há mais garantias de que os rendimentos auferidos serão reinvestidos no Tarrafal, gerando maior feito multiplicador. Creio ser este o benefício que Tarrafal deverá esperar obter dos investimentos que vem fazendo na formação, independentemente de o facto de a formação ser feita em qualquer latitude, com o apoio da Câmara Municipal ou de outras instituições.
Energia “Luz ku Agu”
16- Ao longo dos anos, a queda de energia no Tarrafal tem aumentado tremendamente. E o público vê pequenos passos sendo tomadas para resolver o problema. Quais são seus pensamentos sobre o assunto? O que está sendo feito sobre o mau desempenho da Electra? Há algum medidas que estão sendo tomadas para criar projetos privado de energia renovável para Tarrafal?Eunice DeCarvalho
JD: Infelizmente estamos perante uma área cuja competência pertence ao Governo e à Empresa – ELECTRA- que também pertence ao Governo. Devo, contudo, dizer que já temos alguns parceiros privados que querem investir em energias renováveis, mas precisam da autorização do Governo. A Câmara Municipal, com o apoio das Canárias, fez uma experiência interessante na zona de Fazenda, electrificando toda a zona com a energia fotovoltaica. Pessoalmente, continuamos à procura de parceria para investir em energias renováveis, mas vamos sempre precisar da autorização do Governo, pois cabe ao Governo de decidir se o projecto pode ou não ser implementado.
17- queli è um perguta pa governo di tarrafal cuçè qui nhos ta pença fazi cu falta di agua na CULONATO?Adilson Moreira & Djene Monteiro
JD: Nu cria fla ma responsabilidade de fornece água na agricultura ê ca ê di Câmara Municipal. Ê sta na mon de Associação de Agricultores de Colonato e quenha ki ta coordena área di Agricultura Ê Ministério de Desenvolvimento Rural. Nu tem informaçon ma Ministériu de Desenvolvimentu Rural dja resolvi problema. Más també, n’deve flau ma nu tem informaçon ma maior parte de responsabilidadi sta na falta di pagamentu di água, por parte de agricultores. Ali nu tem ki ser responsável. Cada qual tem ki assume sês responsabilidadi. Si agricultores tem problemas ki ta dificultas paga água kês ta usa, ês deve tchoma parceiros, principalmente Ministériu de Desenvolvimentu Rural, pés coloca problema. Nunca ês ca devi dexa, pa ti oras ki dividas dja aumenta, sima nu tem informaçon, pa bem pidi otus pa pagás sês divida. Câmara Municipal, embora ca tem responsabilidade nês matéria, sta abertu pa obi e pa djuda cu actha um solução ki ta dura.
Obrigado pa nhos perguntas.
João Domingos
CMT
Pos: Tarrafal 21