Halloween party ideas 2015

Publicidade


Entrevista com Cláudio de Sousa
Cláudio de Sousa mas conhecido por Nyunne N'Tafty.
Assume - se não como um musico, mas simplesmente um jovem que luta contra a morte da consciência. A mais de 16 anos que tem estado no mundo do hip hop, no ano passado lançou o seu 1º álbum, «Artisanal». E licenciado em História e está preparando um projeto de um novo álbum.
Não percam está estreia, com a entrevista deste jovem Tarrafalense.
na primeira questão ele se identificou da seguinte forma.
Chamo-me Cláudio, mas, onde nasci (altu strada) e cresci (Ponta Gato) sou conhecido por Zé Pikenu, ou simplesmente Zé ou Zp.
O nome Nyunne N'Tafty surgiu através da minha afinidade com a África, ou seja, não é um nome, é um título. Da língua suaíli (Tanzânia), literalmente traduzido significa «pássaro investigador de conhecimentos»
Como prometido aqui esta a entrevista completa de Cláudio de Sousa.
Eu sou fiel ao Rap, faço por amor, e isso faz parte de mim
Cláudio de Sousa.
Por que não Cláudio de Sousa, mas sim Nyunne?
Não existe diferenças entre Cláudio e Nyunne N'Tafty. Embora no mundo da música o artista praticamente é obrigado a criar uma imagem sobre si mesma, a fim de causar um certo entusiasmo, mas isso não acontece comigo. Embora isso faz parte do instinto humano, ter duas caras, mas sempre luto por minha integridade.
Já se sentiu prejudicado devido ao facto de seres um Rapper?
Muitos não entenderam ainda, a essência disso tudo, e partem logo para a rejeição. Particularmente, muitos me interpretam mal, mas o tempo me absolverá. A lei que estabelece as bases do património cultural cabo-verdiano legitima o Hip Hop em Cabo Verde. O Hip Hop é uma alternativa contra todo o tipo de violência. Tudo que é bom pode ser usado de uma forma errada, isso não acontece só no campo da Cultura Hip Hop. Temos a educação, a politica, a religião, entre outros campos vitais para a organização do homem na sociedade. Mas os mais sábios precisam ajudar a juventude, abrindo um canal para que esta camada participe de uma forma activa na sociedade. Se a juventude quer Hip Hop, então iremos conseguir tudo com Hip Hop, principalmente educar e ser educados.
As vezes as dificuldades leva-nos a corromper.
Estou no tribunal da inquisição porque ando com o Hip Hop. Sou formado e informado, mas estou desempregado. Mesmo nesta situação não vou corromper, alguns criticam a minha vida, mas não lembram de mim quando estão sentados na mesa. Vou continuar porque ainda tenho o Hip Hop, o negócio é o seguinte: Nyunne N'Tafty e o Hip Hop contra o mundo (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk).
Porquê Hip hop ou Rap?
O Hip Hop, mas concretamente o Rap, apareceu na minha vida muito cedo, eu tinha ainda cerca de 6 anos de idade, na casa da minha avó, sob a influência do meu irmão GN, comecei a praticar alguns versos escritos por ele. Na casa da minha avó nasceu muitos talentos, tanto na cultura como desporto. Foi ali em que tudo começou, ainda lembro daqueles versos, aliás todos nós lembramos
O que guardas de bom da sua convivência e influencia com o Gianne?
GN é um jovem talentoso que muito fez para a continuação dessa cultura aqui em Tarrafal e não só. Como já tinha dito o Hip Hop entrou muito cedo na minha vida porque GN cultivou isso. Temos muitas afinidades e ele é a minha referência. Passamos por situações idênticas, por exemplo a falta de motivações e reconhecimento de pessoas próximas. Mas ele conseguiu manter isso, e tudo que eu sei foi graças a GN.
Tem diferença entre hip hop e rap? qual?
O Hip Hop, tal como qualquer outra manifestação cultural, serve para enriquecer a nossa cultura, embora muitos o fazem de uma forma descoordenada o que gera a incompreensão. A diferença é que o RAP nos faz dançar e pensar ao mesmo tempo.
A diferença entre o Hip Hop e o Rap, é que o Rap é um elemento da Cultura Hip Hop. A Cultura Hip Hop está difundida em todos os lugares, mas poucas pessoas sabem o que ela é, ou como e onde foi que ela surgiu. E muito menos o que representa para o desenvolvimento de uma economia criativa. Nos finais dos anos 60 e início dos anos 70, na cidade de Nova Iorque surgiram os Disk Jockey (DJ), que são considerados os criadores da Cultura Hip Hop. O Hip Hop é uma mistura de quatro elementos: o Rap, o Dj, o Grafite e o Break Dance. Hoje pode-se falar do Conhecimento como o quinto elemento da Cultura Hip Hop, o elo de ligação entre os quatro elementos. O RAP é uma sigla inglesa que traduzida significa ‘’ritmo e poesia’’, que é a pura expressão da música-verbal da Cultura Hip Hop. O Grafite representa a arte plástica, expressa por rabiscos, frases e desenhos coloridos feitos por pessoas conhecidas como grafiteiros. É importante diferenciar “pichação” de “grafite”, pois a “pichação” é um ato criminoso de vandalismo e o “grafite” é uma prática legal que expressa uma forma de arte urbana. O Break Dance nada mais é do que a dança típica da Cultura Hip Hop.
.... Todos sabemos, que muitas coisas por aqui andam de mal a pior, e isto é uma consequência do estado de abandono em que se encontra a nossa juventude ....
Achas que a nova geração está sendo tapada pela atual geração do poder?
O trabalho da geração do poder é simplesmente fazer com que todos sentissem mais felizes como membros de uma comunidade. Mas pelo contrário poucos trabalham neste sentido. É importante reconhecer que CV é um país praticamente pobre, mas a nossa força de vontade faz de nós um povo de homens e mulheres combatentes, que sempre lutaram contra os desígnios da natureza e da escravatura. Por este motivo a geração do poder devia e deve auscultar a juventude, a fonte de desenvolvimento de qualquer nação. Se Cabo Verde hoje é um país com alguma reputação foi graças aos jovens, que em diferentes épocas contribuíram para a vitória deste pequena e grande nação. Todos sabemos que muitas coisas por aqui andam de mal a pior, e isto é uma consequência do estado de abandono em que se encontra a nossa juventude.
Mas o hip hop não irá conquistar tudo, mas, ela é uma arma perigosa, não concorda?
O Hip Hop pode ser uma arma perigosa, mas também pode ser uma forte de riquíssimas informações. Porquê? Ao mal intencionado ela representa uma ameaça, a quem esconde uma realidade social porque esta não de encontro com o seu interesse pessoal, ou simplesmente porque é um ignorante. Mas uma pessoa humilde tira muito proveitos positivos, porque o principal objetivo da Cultura Hip Hop é fortalecer as bases de uma verdadeira democracia.
O que dirias aos jovens que estão a começar?
Aos jovens que estão a começar desejo muita força de vontade, muita dedicação e muitos estudos. A rebeldia deve ser posta de lado, tudo ganhará sentido se for feito com base no conhecimento e equilíbrio.
Em uma das palestras que já proferiste aqui no Tarrafal, defendeste que em Cabo Verde a nota é sexualmente transmissível. Ainda defende esta questão?
NST, é uma realidade em Cabo Verde, mas não quer dizer que todos os professores são pessoas de mau carácter. Longe disso, isto é apenas uma experiência própria. Existem professores de qualidade em CV, mas alguns não fazem nada senão manchar um trabalho bem feito. Isto é bem mais visível nas universidades, professores oferecem notas às alunas a troca de sexo, eu estudei muito, mas os meus resultados são inferiores em relação à maiorias dos resultados das alunas. Um dia questionei e uma aluna disse-me: «será que tem P.». Não inventei é uma realidade.
Quando dizes condenados de terra em um das tuas músicas, chama os jovens para se acordarem ou para lerem o livro de Fannon?
Kondenaduz di Tera. Eu fiz essa música quando eu estava no segundo ano de curso (2010), não conhecia ainda o livro de Fannon. Mas o título da música só veio depois de ler este grande livro. A juventude em geral sem exceção, tem que conhecer este livro. É um dos maiores que eu já li, quem quizerem ler, disponibilizo o livro para a cópia.http://publicacoes.midiatatica.info/os_condenados_da_terra.…
Muitos rappers residentes defendem hip hop Tarrafal, na tua opinião, é realmente hip hop Tarrafal ou hip hop de Cabo Verde?
Hip Hop Tarrafal ainda é uma idéia, até ao momento não chegou a existir. Mas podemos falar do Rap Tarrafal.
Qual é a sua referência no Hip Hop, aqui no Tarrafal e em CV e no mundo?
A minha referência é GN e a música que mais me tocou é um Rap feito por GN, cujo título é Passadu Negru.
O que e que pensas acerca de consumo de padjinha ou ganzá?
Antes no passado, e não sei como é que as pessoas que a consumiam viam este fenómeno, mas hoje com base nas experiências do quotidiano, isto tornou-se numa cilada, não só para os jovens, como também para as crianças. Hoje não só os jovens estão usando de uma forma exagerada, como também crianças na faixa etária dos 7 aos 13 anos. Não vejo a legalização com bons olhos, e uma ideia melhor seria legalizar a educação familiar, investir na estruturação das famílias. Nós, jovens e crianças, estamos sendo enganados pelas falsas ideologias e doutrinas, o que com o tempo somos levados a um beco sem saída. Eu usei por um longo período, e hoje acho que um jovem deve procurar outros caminhos, estudar, respeitar e fazer respeitar para que um dia seja respeitado. Não faço apologia ao consumo de nenhum tipo de substância que não contribui para o enriquecimento intelectual e material dos meus semelhantes. Alguns podem não concordar, isto é apenas uma opinião consciente, porque não quero ver os mais novos seguindo os mesmos caminhos, e sem uma orientação não ficam por aqui. Muitos tomam outros rumos, consumindo substância ainda mais perigosas para a saúde. A droga em si não é alternativa, a minha opção é a educação, não só escolar, mas também familiar.
Tens referido muito nas tuas letras a imagem de Cabral e suas ideias, mas também mencionas outras pessoas com forte índole cultural. Achas que além de Amílcar Cabral precisamos de reinventar heróis ou criar novos heróis?
Primeiramente Amílcar Cabral não é um herói, os que fizeram dele um herói, fizeram no sentido de esvaziar o significado que está personalidade carrega consigo. Ele disse e muito bem, «sou um simples africano cumprindo o meu dever no meu próprio país, no contexto do nosso tempo». Em Cabo Verde poucos sabem dele e limitam-se em atribuir-lhe o título de herói do povo. Em vez de herói ele é o exemplo de um homem do povo. As pessoas aprendem mais ouvindo, então aproveito para citar grandes homens e mulheres que deram as suas humildes contribuições para o desenvolvimento do nosso povo, transmitindo saberes e conhecimentos através da Rap. Aprendi muitas coisas com isso, porque muitas vezes para escrever faço muitas investigações, e investigando aprendo coisas novas.
Fala-nos da tua parceria com o Djony Gomes Borges, que te define como ”Pilon d artista”.
A primeira vez em que eu tive um cantacto directo com o produtor e artista Djony Borges foi em 2007 se não estou em erro, por intermédio de GN. Mas essa relação de admiração mutua, começou no SB Family Records, devido a minha participação no álbum The Real Microphone For Life II de James. Ali começamos a conversar e estabelecemos alguns contactos que resultou na sua participação no meu Mixtape com 2 excelentes instrumentais. Tarrafal é terra de talentos, problema é que esses talentos não estão sendo bem aproveitados.
Além de estar desempregado, qual são os teus outros incômodos da alma?
No desemprego um jovem como eu, atravessa uma luta diária para não enveredar para o caminho da criminalidade. Por exemplo no Tarrafal, como em qualquer parte de CV, a única saída a vista para os jovens é o crime organizado, mas eu tenho uma experiência suficiente sobre este fenómeno, o crime não compensa mesmo estando no desemprego. A vitória é consequência de uma luta árdua, estou vou lutar por meios legais, e desejo o mesmo aos milhares de jovens na mesma situação. Mas eu tenho a percepção de que as coisas vão mudar, basta responsabilizar a nós mesmos por coisas que acontecem nas nossas vida. Levanta e anda.
Se te pedirem para indicar 10 rappers de Tarrafal e 10 Rap qual seria a tua lista?
Tarrafal desde início teve bons rappers que passo a destacar: GN, Abraão, James, Kex 1, Nay-Z, Marito, Devil-K, Klazy, Odays e Wolff.
As 10 músicas são: Dentu Mi (GN), Dexa Mundu Papia (Abraão), África (James), Don't Cry (Kex 1 feat Flame), Nu ka Nada (Nay-Z), Cabo Verde (Marito feat Jorginho), Dedikason (Devil-k feat GN), Prezus Pulítikus (Klazy feat Rony), Dexa Show (Odays feat DMT) e Lord give us Tupac and you can (Wolff).
País preferido? além de Cabo Verde?
O país preferido é Guiné Bissau, porque os filhos desse povo contribuíram e muito para a independência de Cabo Verde, e Gana, por ser o 1º país da África ao Sul do Saara a conseguir a independência política, e por ter grandes universidades.
Qual a tua cor preferido?
A minha cor preferida e camuflado (kkkkkkkkkkkkkk)
Livro preferido?
Eu gosto muito dos livros científicos principalmente da área da investigação histórica, mas os meus livros preferidos são romances como Avó Dezanove e o Segredo do Soviético, Alá não é obrigado, Gangasta Rap e Roots.
Muito obrigado pela entrevista.
Eu é que agradeço pela oportunidade de expor os meus ideais, e contribuir de uma forma positiva para o desenvolvimento cultural da nossa cidade. Muito obrigado.

por: provacultura

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.