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Na idade criança era uma espécie de Charlot. Sem conhecer este astro da Cinema mudo, fez teatro no Jardim, Escola até fundar Kômicos de Tarrafal, muito mais do que isso, andou pelas ilhas, foi para estrangeiro e voltou. Voltou determinado a ser uma figura pública num pequeno mundo da sua cidade de Tarrafal, se foi ou não se sabe. Mas a sua alma continuava irrequieto.
Continuou a fazer a arte do seu ídolo Charlot. E quando menos esperava já tinha sido um dos atores amadores mais idolatrado na companhia teatral Tikai. Convite feito pelo próprio João Pereira que ele até hoje agradece profundamente.
Os seus amigos de infância o caracterizam de “terrível”, por saber matemática como poucos, mas ainda, mostrou o quanto é terrível quando interpretou o papel de Rapasinhu Ntentado.
Entrevista de Anilton Levy
Seus amigos dizem que na idade criança tu eras “terrível”, diga-nos quem es tu, afinal?
R: Realmente eu era e ainda sou um espécie de tudo incluído. (ehehe), como desse a Élida "ora doxi, ora margos". Da minha infância guardo muitas cicatrizes, não gosto de tirar cabelo no zero porque é debaixo do cabelo que guardo a maioria delas. O que sou hoje? O que sou hoje é fruto de tudo que adquiri ao longo do meu passado...



Então diga-nos quem é o verdadeiro Anilton Levy?
R: Não sei definir, gosto do silêncio, achei na poema uma forma de desabafar, estou entre os versos, sinto-me realizado quando realizo o desejo dos outros, amo partilhar tudo que é gratuito, como o sorriso... gosto de ouvir rap, ler pensamentos de Charles Chaplin.
Como foi o seu encontro com o teatro?
R: Acho que sempre fui ator, quem na sua infância não brincou "mama ku papa", isso para mim é também teatro, sempre fui filho, e sempre achei engraçado essa brincadeira, sem saber que estávamos a representar, tudo era natural.
Também lembro-me de inúmeras vezes que íamos ao "monte ventoinha", para batizar bonecas, não sei se as crianças de hoje fazem isso, mas isso fezia-me muito feliz.
o teatro com todos os seu elementos, incluindo palco e público, começou na escola, com os meus amigos, ja fui Franki, Frangote, Pirikote.
Entre as várias personagem que já interpretaste, qual é que mais lhe tocou, e se identificou com o seu eu?
R: Pirikote e Rapazinho Intentado, essas duas personagens são parecidas, embora ter incorporado R.I. 3 anos depois do Pirikote.
Quem viu o filme Rapazinho Intentado e viu a sua apresentação no palco, de certeza notou diferenças, o teatro no palco é mil vezes mais interessante, melhor, o teatro so é teatro quando temos palco e público, dá-me mais gozo de representar, sinto-me mais livre no palco.
Como é que se deu o seu contato com o João Pereira (Tikai)?
R: Eu comecei a fazer filme com os meus primos, Elves Cardos e Isaías de Pina, com o tempo fundamos o grupo de Komikus Tarrafal, tudo na base do improviso, fazíamos as nossas cenas sempre acompanhado de uma câmera, gravamos algumas peças que depois publiquei no YouTube, começamos a receber feedback, a maior parte vinha do estrangeiro, isso deu-nos forças para continuar.
O primeiro encontro com o João foi no Tarrafal, ele tinha uma apresentação, me reconheceu, pois tinha-me visto no Komikus Tarrafal, disse que gostou da nossa forma de representar, ouvir isso de uma pessoa como o Takai, foi algo memorável... ele falou do seu projeto de gravar em Cabo Verde e na possibilidade de eu gravar com ele, e não é que isso realizou.
Entre os dois, chegaram ao ponto de disputarem a popularidade?
R: Penso que não, sempre trabalhamos em equipa, teatro é isso, um trabalho de equipa, orientamos uns aos outros de modo a melhorarmos a nossa apresentação e performance, para além disso criamos um laço de amizade, o que foi importante para o nosso crescimento e maturidade, respeito acima de tudo.
Como é que classificas o teatro da companhia de Tikai?
R: Talves seja um teatro simples, mas é um teatro com muito amor. Amor, amor, amor, pelo menos é o que sinto quando estou no grupo, e se ainda hoje estou é graças a esse amor, sinto que o público sente isso também.
Concorda com os que classificam este tipo de teatro de pouco educativo e zero de intelectualidade. Sim ou não porquê?
R: A questão de ser educativo ou não, é so ver para a sociedade cabo-verdina, os tema que o grupo aborda vai ao encontro do que é a nossa sociedade, e sempre no fim fica uma lição do caminho que achamos correto seguir... a questão de ser intelectual ou não, continuo a dizer que é simples, pelo simples fato de não querer complicar a interpretação do publico, pois queremos contribuir pela mudança de comportamentos e não podemos ser complexos, pois isso só complica, o povo quer rir e esquecer os problemas, e se podemos fazer isso e ainda transmitir exemplos positivos, será sempre bem vindo.
Que significado tem a palavra “chulamakai”?
R: Pergunta Tikai, eheh
“O teatro é um meio muito eficaz de educar o público; mas quem faz teatro educativo encontra-se sempre sem público para poder educar”. Frase dito por E. Jardiel Poncela. Esta ideia vai de encontro com as vossas aspirações artísticas a nível desta área? Achas então que o público não quer ser educado?
R: O público não quer ser saturado, o Teatro pode transmitir valores, educação está presente em tudo, mas também em tudo existe falta de informação e de saber aproveitar o lado bom das coisas.
Concorda que o teatro de Tikai veio dar ênfase ao que chamamos teatro de Santiago em detrimento do teatro de São Vicente feito pelo Joao Branco?
R: Vejo grupos apresentando as nossas peças, e isso corresponde a dinâmica que o nosso grupo trouxe para o teatro. Para quê falar de São Vicente, se posso falar de Santo Antao, e dizer que o grupo Juventude em Marcha é o melhor grupo de teatro cabo-verdiano. Temos que reconhecer que o trabalho que o Joao Branco tem feito é brilhantemente notavel, não atrevo a comparar, cada um faz o que sabe fazer e creio que cada um faz o seu melhor.
Quais projetos você está realizando e quais pretende realizar?
R: O projeto que mais me deu orgulho de poder fazer parte é Despertar, aproveito para agradecer ao Mario Loff, pelo contributo que tem dado, acredito que o projeto ainda tem pernas para andar... Outros projetos, ainda acredito que um dia vou pegar o meu livro de poemas na mão.
Onde e como começou o teu fascínio pela tua arte?
Costumo dizer que tudo começou na escola, a influência vem desde as minhas primeiras redacções ou composições que a professora obrigava-me fazer, pois não gostava muito de o fazer. Se na infância fazia composições, hoje eles tornaram poesias. E nem veio de nenhum Shakespeare, nem Fernando Pessoa, mas dos meus colegas mais próximos, que escreviam, motivaram-me a fazer, e hoje esta sendo meu lado e o meu outro lado.
Consideras um “romanticão”?
R: Se sou um poeta romântico ou não, a resposta esta nos meus poemas.
Como é que age com os seus colegas de palco?
R: Gosto de estar no palco, gosto de ter confiança dos meus colegas de palco, agora lembro da apresentação de KT em Trás di Munti, se não fosse o improviso, o talento, o saber responder ao improvável, ficaríamos todos a rir e o público nos daria com pedras, mas não, os meus companheiros são os melhores do mundo, e não me lembro de outra passagem que superou a peça de Trás di Munti,
Quem escreverá a história do que poderia ter sido o irreparável do meu passado, disse o Fernando pessoa ... se em algum momento do tempo recuasses, o que mudaria neste seu passado?
R. Acho que se eu mudasse alguma coisa não estaríamos aqui a falar do que estamos a falar agora.
E eu não seria o que sou hoje. Única coisa que quero mudar é melhorar o mundo, mas isso nem o Jesus Cristo conseguiu, imagina eu...
Qual e a sua opinião em relação a este novo reavivar da literatura na cidade de Tarrafal?
R: Penso que tem que dar espaço as nova geração, cada dia surge novos personagens no mundo poético, e muita das vezes a grande maioria está em silêncio. Penso que tem que se quebrar o padrão que existe, pensamento de que tem um modelo único para poesia, e ver a coisa numa outra dimensão, de liberdade, de novo, moderno, e reinventar.
Na poesias que mais te inspira?
R: Inspiro em tudo que vejo e sinto, do homem que sofre, do homem que maltrata... da mulher amada, da mulher odiada, da criança que sorri, da criança que chora, escrevo quando o meu povo está alegre, escrevo mais ainda quando o meu povo está triste.
Achas que poesia é uma cousa perdida ou é uma solução quando os homens param de falar da economia?
R: Poesias é a salvação do homem, da alma, triste é o homem e um país sem poetas e poesias.
O que dirias aos jovens que pretendem entrar na área poética e teatral?
R: Que entrem com amor, pois sem amor, não irão longe.
Como gostaria de morrer?
R: Não gosto de morrer
País preferido?
R: Cabo Verde
Obrigado pela entrevista
Provacultura

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