Halloween party ideas 2015

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entrevista


Começou a admirar a música por impulso do padrasto e não só, por ter nascido e encontrado instrumentos musicais em casa e passou toda a sua infância ouvindo grandes músicos, quando despertou já tinha sido engolido para geração hip-hop. Teve altos e baixos. Tirou lições aprendeu regras e fundou a sua própria teoria, mais importante é que acabou por ser um dos fundadores do seu atual grupo musical.
O entrevistado desta semana, carrega um nome pouco vulgar, sim, pouco vulgar, porque faz-nos pensar...” mas o que é que um jovem talentoso carrega este nome” será que ele é um “Terrível”.
Mas não, o jovem não é terrível, tanto que não é terrível, mostrou como é admirável e criou uma das grandes canções que toca por tudo quanto e Ipod, Mp3, Telemóvel, dos Cabo-verdianos, do mundo e em particular dos Tarrafalenses. Mas quando o perguntam ... - qual foi a sua grande criação ele responde “tributo a hip hop e Retratu di um bedju”.
Talvez já sabem de quem estamos a falar, mas, mais do que isso, além do seu apelido de Devil k, que ele responde normalmente, mas, deixa claro que não tem nada a ver com o demônio e nem se quer é devoto da figura.

Quem es tu?

R-Meu Nome é Ivan Évora de Macedo, muitos me conhecem por Devil k sou natural de Tarrafal.

Por que não Ivan, mas sim Devil k? Tu és um fã declarado do demônio?

R-Em primeiro Lugar não sou fã declarado do demônio, Devil k é nome que surgiu através das brincadeiras que fazia com os meus irmãos. Um dos motivos era a forma estranha como eu me comunicava com eles. No kriolu, nossa segunda língua, usamos de muitas palavras que produzirmos expressões com sentidos figurado. Nos os cabo verdianos, muitas vezes temos o costume natural de usar a metáfora nas discrições dos grandes feitos, tanto de forma positiva como negativa e Devil k foi uma forma e o apelido que os meu amigos encontraram para me identificarem.. Exemplo: ‘’ moz abo é diabo!’’. Um outro exemplo:’’ kela é sima xuxu, ca podedu col…’’ e foi assim que esse nome surgiu.
É o que os brasileiros chamam de dislexia verbal.

Toninho do Diabo disse que Deus e Diabo são pessoas iguais. Concorda?

R-Acredito que Deus e Diabo não são iguais, pois são duas energias completamente opostas. Simplificando, eu defendo que é uma opinião falsa, pois tal afirmação está a mostrar claramente que Toninho está a abusar do senso comum e a lógica das coisas. O bem nunca foi igual ao mal.

Mas os franceses dizem que o censo comum não e tanto comum? Tenta por esta hipótese, a igualdade entre estas duas grandes personagens.

???

Agora vamos a o que interessa.

Como se deu o seu encontro com a música?

R-A minha infância em parte foi cercada pelos instrumentos músicais adquiridos pelo meu padrasto, Helder de Pina que era membro de uma banda local bastante conceituado no seio dos Tarrafalenses (Tarrafal Base), por isso não é de se estranhar o meu gosto pela música.
Lembro-me que a minha convivência com Helder era sempre ao som de artistas como o Michael Jackson, Bob Marley, os Tabanka Jazz, Joe Cocker, Zé Delgado e entre outros.

Tinham um repertorio ambicioso, tu eras um pequeno “terrível”?

O ambiente músical e a própria música foi se tornando uma prática diária, o combinar de sons e ritmos é algo que sempre me contagiou. Conceito de música é algo que hoje varia de cultura para cultura, daí os gêneros músicais constituírem as linhas divisórias da música.

Depois de passar a infância ouvindo grandes artistas, pergunto, Por que HipHop rap?

R-Hiphop é um movimento mais recente que apareceu a partir dos anos 60 e 70 que apanhou uma geração inteira sedenta de justiça e de oportunidade e eu como tantos outros fomos imediatamente arrastados por essa onda rap sendo nos jovens mais recentemente.
Embora pareça ridícula essa afirmação, para mim, “essa manifestação tem por naturalidade a camada jovem”, pois não tenho conhecimento da sua demonstração pelas pessoas da terceira idade, ahah!

Se o 2PAC escutasse esta afirmação.... iria rolar na sua sepultura.

Mas é uma manifestação que veio da década de 60 e 70, não acha que ainda estão muitos desta geração a praticar? Se for assim vai a contramão com a tua ideia. O que achas?

R-Acho que a minha ideia não ficou clara, a minha escolha pelo rap não teve nenhuma influencia estrangeira. O primeiro contacto com o estilo foi nos finais dos anos 95 início de 96, emitido pela TNCV (Televisão Nacional de Cabo Verde) atual TCV. A TNCV era a única Televisão na altura que passava os vídeos de rap, porque nem todo mundo tinha a televisão, pior ainda a internet.
O meu gosto, ou a minha identificação com o estilo deu-se através de um grupo feminino da Praia que se chamava Chipie, com vídeo músical que se intitulava ‘’Mattchu Burru’’, que estava a ser constantemente emitido pela TNCV, mais tarde o Djoek – ‘’Nada min ca teni’’, todo mundo dizia que era música de ‘’Yoh’’, porque para o povo tarrafalense era algo desconhecido e muito poucos sabiam que o estilo era hip hop. Hoje após uma luta persistente, começada pelo meu amigo e grande rapper Gianny, o hip hop vem se afirmando aos poucos, com a ajuda dos que continuaram a luta pela sua aceitação.

E referencias quem são eles?

R-Nome de artistas que marcaram varias gerações e que ainda são ouvidos são mencionados por muitos, chegando mesmo alguns a apontar artistas recentes, mas, sinceramente não tenho preferências, procuro sempre familiarizar ou universalizar o meu gosto pelo HipHop e pela música em si. É natural ter referencias e preferências, e como amante, gosto de ouvir uma boa música, sem levar nunca em conta o gênero ou o compositor.

Achas que a força de HipHop é suficiente para ser uma arma?

R-Ahahah… uma arma? No coletivo talvez, mas posso afirmar pelo meu conhecimento próprio que não, se depender da ambição ou da aspiração. A realidade é que o HipHop é apenas um dos vários instrumentos de apoio que nos os jovens podemos utilizar para cumprir as metas.
A confusão é grande, tanto é que constantemente tem se debatido a sua essência. Recentemente surgiu uma nova divergência no rap, onde particulares com diferentes visões batalham para a sua afirmação. A principal função do rap é levar a palavra dos e aos excluídos para o mundo, e cobrar mudanças, quer a nível social, político, econômico, educacional e até mesmo ao acesso da saúde. Entretanto a massificação do hiphop por conta da indústria músical tem diminuído a qualidade do hiphop, tem aumentando a quantidade da produção, tudo porque muitos grupos não leem, não estudam, e não tem trabalho e só o fazem por dinheiro e por mero modelo, e assim acabam por usar sempre as mesmas fontes.

Então estas a propor que apresentem qualidade, e não rap com altura de um umbigo?

R-‘’Lá se foram os tempos do ego e das diferenciações… no R.A.P ’’.
Fui uma das vitimas, não por opção, mas por imaturidade, os rappers deviam ter uma orientação, pois a negação ainda faz da nossa inexperiência, um pretexto que não completa esta afirmação. Por que não? Porque o nosso mundo e a nossa história é uma conspiração, mas o rap pode ser uma solução, ela pode ser um instrumento se for bem usado para informar e defender um cidadão, ou até uma nação. O rap é mais do que uma simples criação, ou qualquer invenção é fazer da essência do seu pressuposto uma missão.

O que é HipHop consciente?

R-Para mim essa história de hip-hop consciente anda a facilitar ainda mais a vida dos supostos ‘’rappers’’ que não entenderam o que é o Hip-Hop. Misturam ambições com informações ouvidas que muitas vezes são falsas ou manipuladas, informações essas que estão constantemente a ser repetidas para o povo, ou seja, muito dos chamados ‘’conscientes’’ conseguiram ter a criatividade de fazer do seu propósito um meio para continuar satisfazer o seu ego. Na minha perspectiva o chamado ‘’hiphop consciente’’ virou uma ‘’moda’ que já proliferou por Cabo Verde. Por isso não vou por esse caminho de tentar dar um conceito ao ‘’Hip-hop consciente’’. Já dizia uma vizinha minha… ‘’Cada um ku si consciência’’. ahahah

Muitos rappers residentes defendem HipHop Tarrafal, na tua opinião, é realmente?

R-É visível a diferença na forma de ser e de fazer a transmissão. No meio da bagunça e da anarquia a tendência é mostrar sempre as raízes, até mesmo as raízes locais. Assumo que já fui um soldado aliado dessa luta, mas hoje, reavaliando a nossa atualidade e o enaltecimento desse assunto, declaro publicamente a minha retidão. Temos de ser exemplo a seguir, evitar a censura, não acho correta a diferenciação a outros locais, caso contrário os interesses particulares acabam por provocar a desmembração da unidade, isso já aconteceu uma vez. Tentemos levar o Maximo número de irmãos cabo verdianos que pudermos as costas.
O hiphop tarrafal ainda não é bem visto e valorizado pelo poder local. De que adianta vangloriar as raízes locais, bazofiar do estilo e gabar do artista se a tanto aceitação local como o item de todos constituem ainda uma negação total?

HipHop Tarrafal ou HipHop de Cabo Verde?

R-HipHop Cabo Verde.

Então achas que é o poder local que bloqueia o desenvolvimento do HipHop? Mas não esqueça a situação a nível nacional do HipHop? Ou nunca lhes foram dadas as oportunidades? Será que o nível de hiphop praticado merece estar em destaque?

R-Não, nunca pensei, e cada vez mais, sento –me com essa certeza de que não mereço nenhum tipo de destaque. Se for para destacar, que destaquem os problemas do nosso povo. A nível nacional, para seres (re)conhecido como um oficial rapper, basta ter um vídeo a circular repetidamente durante um ano inteiro, aos olhos dos telespectadores. Para mim isso é ridículo, a manifestação do hip-hop a nível nacional é uma farsa e CVMA é uma prova viva.
O poder local sempre fala de oportunidades, desde minha iniciação ate hoje as oportunidades continuam a ter como fins os mesmos argumentos, que é ‘’ a promoção pessoal’’ Não é certo, para mim é disponibilizar, mais meios para motivarem e para promoverem e desenvolverem ainda mais a nossa capacidade de instruir o nosso povo, mas isso não acontece por questões políticas. O numero de rappers cabo verdiano é desconhecido, há muita qualidade lírica desconhecida que anda a circular pela periferia e cidades favorecidas das várias cidades e nas diferentes zonas das nossas ilhas. A gloria do hip-hop cabo verdiano tem cara de burguesia.

Qual das músicas que produziste que mais lhe marcou?

R- DEViL.K- Tributo a Hip-Hop
R- DEViL.K- Retratu d’um bedju (Homenagem a tudu bedjus cabo-verdianos).

Prov-Realmente é trabalho de profissional, sou um dos admiradores.

No dia 21 de dezembro de 2014 disseste “Uns ta discubri ses musikaz ku sentimentu. Otus ta discubri sentimentu ku musikaz”, traduza?

R-Prezo muito o meu meio, gosto e admiro muito o ouvir e o observar. pessoas tem por habito e preferências por um determinado gênero músical que equivale ou entra em concordância com o seu estado sentimental, mas com o passar do tempo, o ouvir começa a dar ênfases a novos sentimentos, e a novas descobertas.

Vanex Lopes Vane numa das tuas postagens no Facebook comentou assim “som li e brutu memu...fodass dimasss, nka ta kansa di obill tmb”. Pergunto eu, quais são as vossas preocupações e mensagens que procuram levar?

R-O público sempre espera uma correspondência positiva, e desde sempre a nossa procura foi transmitir o que realmente o público precisa ouvir para saber. O nosso dia-a-dia, o conhecido e o desconhecido, as nossas dificuldades, as lutas, os preconceitos, sobre tudo as perdas. Reconheço que houve momentos de fraqueza em que fomos egocêntricos, eufóricos, e momentos de conflitos e separações e aprendemos muito com esses erros, mas a nossa preocupação sempre foi falar o que o povo quer e precisa realmente escutar, extrair o puro interior fazendo ligações com a alma exterior.

Então estas a dizer que Omega já se desintegrou? Fala a cerca de Omega 7, fundação, tudo.

R-Omega ainda permanece firme! O grupo músical é constituído por 4 elementos, Marito, J-HooD, Shima e Devil.k, e mais do que uma simples ligação músical a fundação do grupo Omega teve por base a nossa boa relação que veio em parte da nossa infância. Para além dos elementos que compõe a música do grupo existem ainda dezenas de outros amigos que se tornaram membros do grupo pela constante convivência, por isso Omega se tornou num grupo social pelo facto de estarmos sempre ‘’djuntu’’. Marito foi quem sugeriu o nome ao grupo, porque na espoca estávamos sofrendo diversos tipos de preconceitos sociais. Numa luta por uma boa aceitação social, batizamos o grupo com o nome Omega que é a ultima letra do alfabeto grego, por este ter o significado de ‘’Fim’’. O foco é ‘’djuntu ti fim’’ juntos até ao fim, e independentemente do que vier a acontecer.

Grande Marito

No show de Santo Amaro que arrebentarão com o público disseste, aqui cantamos HipHop. Pergunto, o que achaste da opinião de Kaka Barbosa a cerca de HipHop em Cabo Verde.

R-Ele teve argumentos suficientes para defender tal afirmação, só que o erro foi generalizar em vez de particularizar. Em Cabo Verde ‘’ser rapper’’ é uma das coisas que virou moda, e essa moda proliferou pelos des cantos das nossas ilhas. Todo mundo anda a cantar ahaha… agora me pergunto: já imaginou a quantidade de música inúteis gravados, que é chamado de HipHop ou rap?
Então kaka tem razão?
Assim como nas outras vertentes da música, nem todos os rappers nasceram com aptidão, espírito, genialidade, talento e a habilidade de fazer o hiphop. Nem todos os rappers sabem ler e reconhecer as notas musicais, nem todos os rappers sabem o que é realmente uma música. Não é só dizer, o saber fazer conta, e muito para mim.
Todo mundo entendeu bem o que ele quis dizer, Kaka tentou mostrar que muito do que se produz, tem uma qualidade momentânea, ou seja, não duradora. Posso até estar errado, mas acho que ele não defende a música de massas, porque as letras das músicas de massas retratam bem as relações sociais do mundo de hoje. Um mundo que não tem tempo para descansar, só nos "empurram" letras que nada dizem que não nos fazem refletir (se paramos para isso a máquina foge de nós ou nos passa por cima!).
E a música retrata exatamente como agimos: as relações interpessoais são marcadas pela pressa e pela superficialidade, não há tempo para aprofundar o que quer que seja. A miséria da Música de Massas só retrata a nossa miséria de emoções.

Ômega 7 através de vossa música “noz tudu djuntu”, deixaram uma certa ideia do que pode ser HipHop. Até hoje partilha desta ideia?

R-Sim, mas é preciso realçar que o ‘’djuntu’’ não é só fazer uma música com o mesmo refrão e verso. Não é só para gravar um single, ou partilhar o mesmo palco, e nem é partilhar as ideias. O ‘’djuntu’’ para mim é estar presente e a par de todos em tudo. Não só apoiar e colaborar, mas sim amparar, segurar as pontas, socorrer no desespero, não só criticar, mas fornecer meios para a correção e a superação do erro. ‘’nos é 1 nos é kel 1’’.

O que e HipHop e Rap? Diferenças?

R-O rap é um estilo musical de ritmo e poesia enquanto que o Hip-Hop é uma cultura artística, o rap assim como o Dj, o Breaking dance e a arte do Grafite são elementos que constituem e fazem o HipHop no seu todo.
As vossas letras é a continuidade do puro Rap undergrond ou às vezes é apenas a continuidade do que o Emisida classifica de HipHop foda?

R-Depende do conceito que se tem do puro rap Underground, e de como é visto e defendido pelos cabo verdianos, porque muitos ainda deixam transparecer que tem alguma confusão ou não sabem claramente o que é ser um underground rap. Para mim esse subgênero não é nada mais do que uma forma de diferenciação. O ser independente é algo que todo o real rappers quer, e muitos lutam firmemente por isso, porque a dependência quase que obrigatoriamente provoca o desvio do puro ou da essência, basta ver o resultado da massificação do rap pela indústria musical. Mas temos de recordar que pertencemos a um país pobre, que nos obriga a depender de quase tudo, e frisar para os que não sabem, que qualquer rapper que faz o seu trabalho com a sua própria gravadora, ou com os seus meios já é um underground, por isso posso afirmar com toda a certeza que os rappers Tarrafalenses e a maior parte dos rappers cabo verdianos são underground rappers.
O ‘’diss’’ que no crioulo é conhecido popularmente como ‘’beef’’, para quem não sabe faz parte do hard rap e do gangsta rap, que é um dos estilos do puro underground. É uma canção criada com o único propósito de atacar verbalmente e insultar uma pessoa ou um grupo de cantores, e por vezes o beef pode ser indefinido, ou seja, às vezes não se sabe a quem é dirigido.
O gangsta rap é dos estilos mais puro que se conhece, para mim a manifestação desse estilo faz do rapper um verdadeiro underground, e já que “estamos” no Brasil aproveito para relembrar a todos que acompanham o rap brasileiro e que conhecem a história músical do grupo A Facção Central (que tem um estilo músical próprio, onde tanto o estilo como as letras são apresentadas de forma bastante agressiva e violenta, mas entretanto com racionalidade) foram dos mais puros underground rappers brasileiros.
.....

O que dirias aos jovens que estão a começar?

R-Pela minha experiência até hoje, recomendo que estudem as nossas raízes, temos de ostentar o compromisso com a igualdade e o progresso de todos pelo próprio bem. Não podemos ser indiferente temos vários exemplos do fracasso, do inútil e do vil, porque não evitar esses efeitos? Porque insistir em repetir os mesmos erros do passado? Porque não mudar os hábitos, e os princípios egocêntricos e comodistas? Porque não mudar a nossa filosofia de vida levando em conta o nosso contexto?
O crime muitas vezes está na escolha, guiar os jovens se tornou uma tarefa de combate a recusa, o orgulho impossibilita a assistência ou mesmo a preparação feita por uma boa orientação.

Todas estas questões para quem? Os novatos?

R-Ficou bem claro que não, temos de ver o hiphop cabo verdiano como um todo, porque muitos rappers do chamado ‘’oldschool’’ velha-escola, ainda persistem em cometer graves erros. Normalmente um rapper tem como tendência iniciante, imitar um oldschool, por isso não é de se estranhar a continuidade. Erros esses que acabam por refletir no ‘’newschool’’ ou novatos se assim quiseram dizer.

Quais são os projetos que estas envolvido atualmente.

R-De momento, nenhum.

Muitas vezes são referenciados os rappers com as drogas.

R-É importante frisar que as composições estruturadas ou não do hiphop, tem a capacidade de trazer o entusiasmo ou o desejo, afetando as emoções dos jovens, o que levou e ainda leva alguns tradicionalistas locais a afirmar que a repercussão das consequências corrompeu, desviou e ainda anda a desviar muitos jovens de seguirem as verdadeiras regras das condutas sociais. Concordo em parte, e esse tem sido um forte argumento utilizado por aqueles que defendem um não ao HipHop, induzindo muitos a presumir ou a pugnar a não aceitação do estilo.

O que é que pensas a cerca do consumo de padjinha ou ganzá.

R-Honestamente, ela causa menos dependência do que as drogas lícitas, e na verdade a sua dependência é psicológica e não fisiológica. Hoje, neurocientistas derrubaram muitos mitos referentes aos supostos déficit cognitivos, como também os argumentos insanos de que a padjinha ‘’queima os neurônios’’ ahahah… Foi comprovado, tanto os benefícios do uso moderado, mostrando que ela é neuroprotetora como também foi comprovado os malefícios do uso abusivo. Não estou a misturar a ciência com a pseudociência, mas sim mostrar a minha visão aberta do assunto, pois a liberdade de expressão é o que todos dizem que temos. No entanto é o que nos tiram por causa das questões políticas. Faço uma chamada de atenção que eu não sou defensor do não uso, e nem vou em contradição com as pessoas que fazem o seu consumo. Todos nos sabemos que o seu consumo é ilegal, só acho ignorância legalizarem o cigarro e álcool que faz bem mais mal. O uso das drogas é um fenômeno que tem de ser combatido, porque afetam muito mais a saúde pública, e isso tem sido visto claramente nas condutas diárias dos usuários.
Para mim, o justo seria ou ilegalizar tudo isso, ou legalizar a padjinha também.

Se te pedirem para indicar 10 rappers de Tarrafal e 10 Rap qual seria a tua lista?
R-
Nyunne N’tafety- Liberta –es- son (Habiru beats)
Wolff- sem Bó
Cj Lincolm- Und caminho (feat. Kex1)
Marito- when brothers die (feat Nivaldo)
Shima- Força rap kriolu (feat Devil.K)
Odays- Afrika
James- Musika (feat. Ghetto Nee)
Nay-z- Tarrafal ( feat. Marito)
Gianny- Evoluson de nos conselho (feat. Marito, Sheiny)
Kex1- Cabo Verde (feat. Abrao, Flame, emer)

Sentis que es famoso? Se sim, então me diga, quais são as armadilhas da fama?
R-Não, não me sinto famoso.

Rudolf Dreikurs disse, “É possível mudar nossas vidas e a atitude daqueles que nos cercam simplesmente mudando a nós mesmos”. Agora lhe pergunto que mudança almeja esta geração?

R-Sim, é possível mudar, se cada um fizer a sua parte, mas pergunto quando?
Os que defendem estão em menor número e cada dia esses números vem diminuindo ainda mais. O programa de ensino é uma farsa que no fundo nega as origens. Somos um país que vangloria a nossa independência, todos os anos gastando fortunas em comemorações que de nada nos servem, no entanto com graves crises internas pelo facto de termos uma economia de dependência total ao exterior. Temos uma fraca produção humana e os jovens como o único impulsionador do desenvolvimento são forçados a viver uma guerra psicológica, por causa da sede dos partidos pelo poder. E para piorar minha geração é tão livre que a própria união se tornou uma recusa, pois o interesse egocêntrico não tem estado a se coincidir.

A união é a única solução!

Expressões como: ‘’ cada um faz o que lhe bem apetecer’’ … ou… ‘’ cada um tem o seu caminho/destino’’ fomentam a desigualdade do satisfazer. Grabiel Marques desse:’’ Colhemos o que plantamos, e se destruímos a semente no presente iremos plantar o que, para o futuro?’’

Achas que a nova geração está sendo tapada pela atual geração do poder?

R-Por vezes as dificuldades deparadas provocam a lentidão do cumprimento dos objetivos traçados, os cabo verdianos, não estão ainda preparados para unir, partilhar e servir de amparo, como consequências podem notar a parcialidade em tudo, que também consequentemente dá lugar a injustiça. A nossa educação tem vivido a sombra das recompensas, com princípios imorais, luxuria e vícios. Sim, Temos de reconhecer o trabalho da geração do poder, só que ainda não se tornou muito expressivo a nível nacional. A educação da nossa juventude é um dos principais fatores, e nota-se que atualmente há uma demora na tomada de consciência e situações mesmo de ausência. A sociedade cabo verdiana teve sempre em todos os aspectos a juventude como principal propulsionador do desenvolvimento. Porque atravancar e recalcar a participação da juventude no desenvolvimento de Cabo Verde? Não temos e nem podemos permitir a ocultação, pior ainda a transmutação da nossa história.

Sistema ou nepotismo, qual desses fenômenos é mais perigoso?

R-Sinceramente essa pergunta me faz parar por momentos ahahaha (brincando)… Tanto o sistema como o nepotismo é perigosíssimo. Mas para mim o Nepotismo é pior, porque quem não tem o principio da moralidade é que está juridicamente protegido pela ‘’legalidade’’ facilmente nomes a contratação de parentes, em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou a elevação de cargos, que acaba por dar origem ao abuso do poder. O nepotismo materializa-se quando o servidor exerce sua função e dispõe de certos "privilégios". Por exemplo: receber sem trabalhar, não ser assíduo, assumir função sem capacidade técnico-profissional, não possuir o nível de escolaridade exigido pela função, agir com arbítrio ou abuso, superfaturar obras e serviços etc. Desta forma, fica claro que a imoralidade administrativa não reside no ato de nomeação ou contratação, mas na conduta lesiva do agente, que volto a repetir, age com abuso de poder.

Mas em Cabo Verde o nepotismo e conhecido pelo favorecimento de pessoas conhecidas, amigos e familiares a ter acesso fácil a cargos públicos?

R-Há um clamor social para abolir esse mal social, sobe a justificativa de que haveria favorecimento, é claro que algumas vezes há certa presunção e discriminação no modo como é discutido, porque parte-se para a conclusão que o parente já é desonesto. É claro que é preferível trabalhar com quem se tenha afinidade e se conheça mais, e bla bla bla.... Das regras da constituição, mas para mim o serviço é publico não é familiar. O nepotismo é um velho hábito da administração publica que tem de ser deletado, e sempre que haja sua manifestação. O favorecimento é a característica marcante do Nepotismo, e é bem visível na administração pública em Cabo Verde particularizando para a minha localidade. Esta prática no poder local do Tarrafal é vista de forma escancarada, quando se observa o “loteamento” dos cargos ali disponíveis distribuídos entre parentes. É um escândalo tão grande que deveria ser apurado.

Mas no Tarrafal quase todo mundo é família. Então todos nós somos vitimas do nepotismo?

Ahahahahahah…. Teoricamente somos uma família. O povo de Cabo Verde é uma família! É visível os interesses e as disputas regionais, e os tarrafalenses queixam se muito de serem esquecidos pelo governo nacional, sim é verdade, mas também é visível as disputas locais, e os filhos tarrafalenses queixam se de serem esquecidos pela família local hahah… Considero todos os tarrafalenses irmãos, mas temos de ser realistas, não é o que acontece na prática do nosso dia-a-dia.

País preferido? Além de Cabo Verde.

R-Senegal, justamente por ser um país que eu já visitei, e que me
deixou encantado com a sua diversidade.

Qual é a tua cor preferida?
R-O Verde.

Livro preferido?
R-Nicolau Maquiavel- O Príncipe. A arte da Guerra de Sun Tzu

Qual autor que descobriu e que gostou e qual autor que ainda não descobriu que gostarias de descobrir?
????

O que é a vida?
???

Como querias ser lembrado?
R-Quero que tudo de bom e mal que eu tiver feito, tanto as conquistas como as derrotas, sirva de exemplo a alguém que está a viver parte do que vivi. Penso que não poderia exigir mais do que isso.

Qual foi o maior mal que já fizeste?
R-Honestamente, a música intitulada – ‘’encomenda pa Bicth’’. É uma música que não traz nada de bom para a mente. O meu caráter foi posto em causa e fui motivo de julgamentos e de falsas discrições por parte de muitas pessoas por causa desse mal. E embora cada vez menos, essa tendência persisti até hoje.
Um dia, a caminhar pelas ruas da cidade do Tarrafal, deparei com uma criança de 8 anos todo eufórico a cantar a letra dessa música. E ele só dizia que tinha a música, e que era fixe. E eu a pensar no meu espanto:
-Devil.k olha mal que fizeste?
Tento sempre consertar isso, mas ela ainda anda pelas ruas…

Quem mais mal fez ao mundo?
R-O homem.

Que mensagem deixaria para os que estão errando neste momento e qual mensagem deixaria para os que não erraram ainda.

R-O erro é um instinto humano, e nenhum ser humano consegui escapar a essa condição. Para mim há tomada de consciência, ou reconhecimento do erro é o primeiro passo, o segundo é ter atitude de mudança. Quando o assunto for corrigir o mal, não importa o tamanho do mal feito, o objetivo é fazer o bem, superando o mal.

Que pergunta gostarias de me fazer que eu não te fiz?
R-Nenhum.

Obrigado pela entrevista

R-Agradeço igualmente, o provacultura é um modelo a seguir para o nosso desenvolvimento o cultural. Obrigado!
Provacultura

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