Halloween party ideas 2015

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Foi um encontro feio. Pela primeira vez vi lágrimas na cara de uma mulher, foram lágrimas de raiva e coragem justamente, por ser eu aquele que era o abandonado por certo homem de audácia e de afeição, quase um ser conhecido por mim num sonho vivido numa outra realidade que não lembro, intimo sem toque, amor e palavra. As lágrimas são justamente da mãe. 
Não entendia nada,  dividido entre a felicidade de ouvir da boca daquele homem de que era ele o meu pai e a recusa da minha mãe em não permitir que ele se aproximasse de mim enquanto discutia com ele. No meio da desordem geral, causada por um amor mal esclarecido, se não existir bom senso ou o ato de querer ver o futuro que faz nascer, só se criam assuntos e demónios mal resolvidos. Por alguns largos minutos se debateram em negação sobre de quem era a culpa, de quem falhou com filho e quem iria tomar conta deste. As pessoas formaram um grande grupo e  observavam uma criança e dois adultos que se rebatiam, ignorando por completo o ser que era o assunto principal do espetáculo que se armava no centro da cidade. A confusão maior é saber que no meio de muitas pessoas todas falam ao mesmo tempo e de cada uma das bocas saem palavras e gestos e nada morre na boca da multidão. Eu só ficava assim, confuso, negando a vergonha e com um sufoco na garganta, prestes a explodir. Até que de repente gritei por mim, finalmente. Não sabia que quando se é adulto tem que se complicar tudo a favor do orgulho e da demonstração de um amor que protege se desprotegendo. Depois daquela discussão, retive algumas coisas que à mãe disse depois. Nunca mais vi aquele homem. Aquele que é o meu pai. O falho homem.
-Meu filho, educo eu! Vou fazer de tudo para educa-lo, para ser homem, homem de verdade, e tu, fica longe do meu filho e nunca mais te aproximes dele.
 Não entendia o que estava por detrás de toda aquela mágoa e raiva. Não era mesmo para entender. Naquela idade não se deve entender coisas de adultos. Era ainda criança, mas senti aflição por ver pessoas discutindo por minha causa, por coisa que não entendia e por um homem ser capaz de arrancar o pranto de uma mulher. Os prantos, às vezes, marcam as pessoas tornando-as pedras duras que não furam.
Dias depois ao compreender tudo, foi a minha vez de chorar e sentir que tinha de ser homem. De manha, ao levantar-me, pareceu terem passado muitos anos pela minha estrutura carnal e espiritual, e tornei-me, aos poucos, outra pessoa, sem pensar em crescer para ver os outros homens nos olhos. Talvez não seja necessário ser tão alto, basta que nossas cabeças sejam gigantes suficientes para comandar o corpo. A maior altura é a altura mental.
Aquele homem ficou com a cara triste e sem jeito, enquanto eu olhava-o fixamente, a minha mãe me puxando, eu não querendo ir, com vontade de estar com aquele homem, abraça-lo como se ele fosse o único gigante com braços grandes que pudesse acompanhar a minha idade, desde os números infantis, até que ele fosse um gigante de cabelos brancos e que a sua vida fosse uma escola que passasse diplomas, em forma de conselhos, aos seus filhos com desejos de serem também eles grandes gigantes, com o coração dos bons homens. A mãe não entendia que eu precisava estar com o meu pai, que queria muito estar com ele, sem me importar que ele fosse realmente  meu pai, bastasse que fosse um bom homem. Os bons homens são bons pais. Havia uma vontade tão grande de estar com aquele homem, ainda que me dissesse que não era filho dele. Queria que fossemos apenas pessoas, sem pronunciamento de palavras porque naquela situação qualquer palavra que saísse da boca dos dois seria só indícios de mágoa e de perfeita desumanidade. O que carrega coragem é a mulher, dá luz a um homem, inventa um homem, depois descobre que também sabe inventar um filho da puta que se chama homem. 

 Parte I




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